Folha de S. Paulo


Insatisfação com ministro divide base antes da votação da cassação de Cunha

Alan Marques/Folhapress
O ministro Geddel Vieira Lima dá entrevista sobre a proposta da reforma da Previdência, em Brasília
O ministro Geddel Vieira Lima dá entrevista sobre a proposta da reforma da Previdência, em Brasília

A insatisfação de líderes da base de Michel Temer na Câmara com o ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) tem servido de mola propulsora para acirrar os ânimos na Casa na véspera da análise da cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Com a avaliação de que o ministro tem um perfil "desagregador", os líderes da base chegaram a iniciar um abaixo-assinado pedindo o afastamento de Geddel do cargo.

A articulação acabou barrada pelo líder na Câmara, André Moura (PSC-SE), para evitar expor o racha na base de Temer.

Contudo, o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se envolveu na disputa. Queria no cargo o sogro, Moreira Franco, secretário de Parcerias e Investimentos de Temer.

Os interesses de Cunha e Maia são opostos. O ex-presidente da Casa indicou para a chefia de gabinete do atual ministro, Geddel, um aliado, Carlos Henrique Sobral. Se a troca desejada pelos líderes ocorresse, Sobral seria prontamente substituído, uma vez que o cargo que ocupa é tido como função de confiança.

O ministro Moreira Franco alegou desconhecer a movimentação.

Numa das últimas tentativas de manter o mandato, essa disputa interna tem feito parte das conversas há cerca de três semanas. Conforme afirmaram à Folha aliados de Cunha, o ex-presidente tem dado sinais a Maia de que pode incriminar Moreira Franco em eventual delação premiada. A intenção é pressionar o atual presidente a beneficiar Cunha e adiar a sessão de cassação.

Questionado sobre pressões e ameaças, Cunha disse que não responderia a "fofocas".


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