Folha de S. Paulo


Candidato à Prefeitura de Ribeirão Preto é alvo de condução coercitiva

Um candidato à Prefeitura de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) foi levado para depor coercitivamente nesta terça-feira (6) na operação Sevandija, que investiga o maior escândalo de corrupção da história da cidade. É o segundo político que disputa a administração a ter o nome envolvido nas investigações.

Wagner Rodrigues (PC do B), presidente afastado do Sindicato dos Servidores, foi chamado a depor para explicar um acordo feito com um escritório de advocacia, com suspeita de favorecimento, segundo o promotor Leonardo Romanelli, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).

De acordo com a investigação, agentes públicos exigiam propina num acordo de R$ 800 milhões, valor a ser pago a servidores da prefeitura referentes a perdas do Plano Collor. Já foram pagos mais de R$ 300 milhões, além de R$ 40 milhões em honorários.

Não há indícios de irregularidades no pagamento dos R$ 300 milhões, mas sim na forma de pagamento dos honorários, que ultrapassavam o valor de R$ 1 milhão por mês. Para que os valores fossem liberados, advogados pagavam propina a membros da administração, segundo o promotor.

Por isso, policiais federais foram à sede do sindicato em busca de atas de assembleias que supostamente autorizaram a celebração do acordo. "Servidores disseram que sequer tomaram conhecimento da ata, que determinou o pagamento de honorários", disse o delegado Flavio Reis, da PF (Polícia Federal).
Os documentos são importantes para legitimar ou não o acordo com o escritório de advocacia.

Além de Rodrigues, Ricardo Silva (PDT), que lidera a disputa eleitoral (39%, segundo pesquisa Ibope, encomendada pela Eptv, afiliada da Globo), teve o nome citado numa escuta telefônica obtida após autorização judicial. Na conversa, o advogado de um empresário preso combina um encontro com um irmão do candidato. Ele nega elo com o esquema.

A operação Sevandija —que significa "parasita"—, desencadeada na última quinta-feira (1º), resultou em 13 prisões e nas suspensões dos mandatos de nove parlamentares.

A investigação do esquema começou em 2015, com uma licitação suspeita de R$ 26 milhões para a aquisição de catracas para escolas, mas estendeu-se a outras áreas. O montante fraudado chega a R$ 203 milhões, segundo a operação.

O sindicato confirmou o motivo das buscas da Polícia Federal e que Rodrigues foi à sede da PF "de forma espontânea", assim como Laerte Carlos Augusto, interinamente no cargo, já que Rodrigues se licenciou para disputar a prefeitura.

PRISÃO

Antes mesmo do início da campanha eleitoral, um outro político que disputaria a prefeitura foi preso. Fernando Chiarelli (PT do B) foi preso quando chegava à convenção do partido que o escolheria como candidato.

A prisão ocorreu por ofensas à prefeita de Ribeirão, Dárcy Vera (PSD), que também foi flagrada em grampos telefônicos falando de suposta compra de votos na Câmara.

Ele está detido em Tremembé e foi substituído na campanha pelo advogado Alexandre Sousa (PT do B).


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