Folha de S. Paulo


Estudante tem olho perfurado após protesto contra Temer em SP

Jefferson Ricardo - 31.ago.2016/Futura Press/Folhapress
A estudante Deborah Fabri, 19, que teve uma perfuração no olho esquerdo durante ato contra o impeachment
A estudante Deborah Fabri, 19, que teve uma perfuração no olho esquerdo durante ato contra o impeachment

O protesto contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), na região central de São Paulo, na noite desta quarta-feira (31), deixou pelo menos sete feridos, entre eles a universitária Deborah Fabri, 19, que teve o olho esquerdo perfurado.

A estudante disse a médicos que a atenderam ter sido ferida após explosão. Em postagem nas redes sociais, ela afirma que ficou cega do olho esquerdo. A Folha não conseguiu localizá-la.

"Ela apareceu aqui, transferida de outra unidade, dizendo que estava no movimento [de manifestantes] e houve a explosão, alguma coisa assim, e perfurou o olho", afirmou o diretor operacional do Hospital de Olhos Paulista, Willian Fidelix.

Segundo o diretor, o ferimento foi causado por objeto cortante. Somente exames futuros poderão dar certeza de que ela perdeu a visão. "Mas chances de recuperação total da visão não são grandes", disse ele.

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) diz ter feito contato com a Universidade Federal do ABC, onde ela estuda, para que a vítima faça um boletim de ocorrência.

O confronto começou na rua da Consolação, quando a polícia jogou bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral contra ativistas, que respondiam com pedras e bombas caseiras. Segundo a PM, o uso de arma não letal ocorreu depois que policiais foram atingidos por pedras.

Além dos registros de feridos, agências bancárias, pontos de ônibus, um carro da Polícia Civil e a fachada da Universidade Mackenzie foram depredados por adeptos da tática black bloc –que defendem a destruição do patrimônio público e privado. A sede da Folha também foi atacada pelo grupo.

No confronto com os policiais, estilhaços de bomba atingiram dois fotógrafos que faziam a cobertura do protesto. Uma adolescente de 17 anos disse que também ficou machucada por estilhaços.

Outros dois fotógrafos dizem que foram atacados por PMs da Rocam (Ronda Ostensiva Com Apoio de Motocicletas) perto da praça Princesa Isabel quando registravam imagens deles. Um deles teve a câmera destruída.

Ao ver o colega ser agredido, outro profissional tentou registrar a agressão. Ele disse que também foi agredido e teve o cartão de memória da câmera apagado. Na delegacia, os policiais disseram que os fotógrafos atiraram pedras contra eles. Os profissionais, que negam a acusação, estão entre os três detidos, que foram liberados e responderão por danos ao patrimônio.

Em outra cena de violência, a motorista de um BMW branco avançou contra uma multidão que protestava na alameda Barão de Campinas, em Campos Elíseos. Manifestantes disseram que a mulher acelerou ao ver o grupo, atropelando uma jovem, que foi socorrida e colocada dentro de um táxi. A reportagem não conseguiu confirmar seu estado de saúde.

Com a previsão de atos para os próximos dias, o governo do Estado de São Paulo proibiu manifestações na avenida Paulista neste domingo (4) por causa da passagem da tocha dos Jogos Paraolímpicos Rio 2016.


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