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Ex-ministro depõe a senadores e busca eximir Dilma de responsabilidade

Alan Marques/Folhapress
Nelson Barbosa fala na votação do julgamento final do impeachment no Senado
Nelson Barbosa fala na votação do julgamento final do impeachment no Senado

No terceiro dia de julgamento do impeachment de Dilma Rousseff, os senadores adotaram um tom de tranquilidade na sessão e concentraram as conversas nas últimas estratégias de votos e de preparo da ida da presidente afastada ao Senado na segunda (29).

O ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa depôs como testemunha da defesa na manhã deste sábado (27). Sobre as chamadas pedaladas fiscais, um dos crimes pelos quais Dilma é acusada no Senado, Barbosa se posicionou tecnicamente, dizendo que o fato de a presidente ter tido conhecimento de algumas ações não significa que houve responsabilidade dela.

Ao defender que Dilma não cometeu irregularidades na edição de decretos de crédito suplementar em 2015, outro ponto da acusação contra ela, o o ex-ministro afirmou que o TCU (Tribunal de Contas da União) aprovou a prática em anos anteriores.

"Em 2009, foram editados 32 processos de abertura de crédito suplementar. Foram aprovados pelo TCU sem ressalvas a esse aspecto", afirmou.

O depoimento do advogado Ricardo Lodi, também indicado pela defesa, estava marcado para a tarde de sábado, encerrando as oitivas.

Reuniões dos dois lados foram agendadas para este domingo (28). Parlamentares da base aliada do presidente interino, Michel Temer, definirão o tom das perguntas a serem feitas a Dilma na segunda.
Querem evitar que ela seja transformada em vítima. Para tanto, devem explicitar as condições em que o país foi deixado, usando termos como "desastrosas".

Os aliados de Dilma querem também definir sua estratégia. Trabalham para reunir 28 senadores –os 21 que têm se mantido fiéis à petista e mais sete tidos como suscetíveis a argumentos para mudanças de voto de última hora. O número é o mínimo necessário para que Dilma reverta um cenário praticamente definido pró-impeachment.

A presença da petista no Senado é considerada o fato mais esperado desta fase final do processo. Conforme a Folha antecipou, Dilma deve adotar um tom emocional no discurso para convencer senadores.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode acompanhar a visita dela ao Senado –a previsão é que ele desembarque neste domingo em Brasília. Cerca de outros 30 assessores da petista também devem estar presentes no discurso.

ARMISTÍCIO

Na tentativa de desfazer o mal estar criado com a bancada do PT nesta sexta (26), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), fez um gesto de reaproximação ao oferecer um jantar regado a vinho para alguns deles na noite do mesmo dia.

Dizendo-se arrependido de ter feito um duro discurso que culminou em um ataque à senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), o peemedebista se reuniu com Jorge Viana (PT-AC), vice-presidente do Senado, e Lindbergh Farias (PT-RJ).

Impeachment dia a dia


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