Folha de S. Paulo


Justiça adia julgamento sobre terreno em Belo Horizonte após reportagem

Após reportagem da Folha noticiar indícios de fraude, o Tribunal Superior do Trabalho adiou o julgamento de um processo que pede a anulação da arrematação de um terreno em Belo Horizonte. A medida foi tomada pelo ministro Guilherme Augusto Caputo Bastos. O julgamento seria nesta quarta (17) e agora não tem data.

Há também indícios de que o empresário que arrematou o imóvel soube de decisão do ministro que lhe foi favorável antes da publicação oficial.

O terreno, de 12,4 mil metros quadrados, foi arrematado em 2010 por Victor Costa, presidente de uma das maiores fabricantes de móveis de cozinha do país, a Itatiaia.

A arrematação foi feita pelo corretor Hugo Gabrich, que virou assessor da Itatiaia. Gabrich deu o lance mínimo, de R$ 1,56 milhão, porque não havia outros interessados.

A área pertencia à SIT Engenharia e foi a leilão para pagar dívidas trabalhistas.

A Folha divulgou no domingo trocas de e-mail entre Costa, Gabrich e o dono da SIT, Luiz Lima Lobato, que indicam que houve um acordo para que o presidente da Itatiaia pagasse a Lobato, por fora, R$ 3,9 milhões –assim, ele embolsaria o valor, em vez de pagar os ex-trabalhadores.

Na sexta (12), a reportagem enviou os indícios ao TST, que já havia sido avisado sobre a fraude por Gabrich em abril.

O ministro Bastos informou nesta segunda (15) que tirou o processo da pauta "por cautela" até que o Ministério Público se manifeste sobre eventual fraude. Ainda segundo o ministro, o órgão já havia sido instado a se manifestar.

Sobre os indícios de que Costa soube, em 7 de março, de uma decisão que só seria publicada no dia 10, Bastos disse apenas que a assinou em 4 de março e, na mesma data, a encaminhou para a secretaria da quinta turma do tribunal.


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