Folha de S. Paulo


Agentes apreendem carregador e pen drives nas celas de presos da Lava Jato

Uma revista nas celas da sexta galeria do Complexo Médico Penal de Pinhais, onde vivem os presos da Operação Lava Jato, encontrou carregador de celular, pen drives e outros objetos não permitidos pelo regulamento do presídio no xadrez de presos do petrolão. O pente-fino foi feito no dia 1º de agosto, mas só foi revelado nesta segunda-feira (15).

No cubículo onde moram o ex-ministro José Dirceu e o ex-deputado federal Luiz Argôlo, os agentes penitenciários apreenderam quatro pen drives, um carregador de celular modelo Samsung, um carregador de um aparelho portátil de reprodução de música e um cabo com entrada USB. Os carregadores e os pen drives estavam escondidos num saco plástico preto.

Dirceu e Argôlo não assumiram a propriedade do material apreendido, o que fez com que os dois fossem punidos pela direção do CMP com 20 dias sem visitas. A posse de um carregador de celular é considerada falta de nível médio. Não foi achado aparelho celular na cela.

Caso reincidam, essa punição pode ser transformada em falta grave e retardar uma possibilidade de progressão de pena. Para diminuir o tempo da pena, José Dirceu trabalha como auxiliar das professoras do CMP e organiza a biblioteca do presídio. Argolo faz cursos profissionalizantes e resenha de livros.

Na cela do ex-senador Gim Argello também foi achado um pen drive. Outros sete foram encontrados no cubículo dividido entre o ex-executivo da Odebrecht Luiz Eduardo da Rocha Soares e o empresário Olívio Rodrigues Júnior, presos na 26ª fase da Lava Jato, batizada de Operação Xepa.

No total foram achados 18 pen drives na revista. Dentro dos pen drives havia arquivos de música, filmes e de séries de TV. Aparelhos de TV e de som (não portáteis) são permitidos pela direção do presídio. Os presos da Lava Jato têm aparelhos cujo modelo permitem a entrada de pen drives via a porta USB.

Gim Argello, Olívio Rodrigues Júnior e Luiz Eduardo da Rocha Soares vão responder a processo administrativo. A posse de pen drives é considerada uma falta de baixa gravidade pela direção do presídio. Dirceu e Argôlo foram punidos com mais rigidez por conta da apreensão do carregador de celular.

A revista começou às 16 horas do dia 1º de agosto. Além da sexta galeria, foram também vasculhados os cubículos da quinta galeria, que fica embaixo da ala ocupada pelos presos da Lava Jato. O pente-fino foi feito por dez agentes penitenciários apoiados por outros 12 homens do Serviço de Operações Especiais do Departamento Penitenciário paranaense.

OUTRO LADO

A defesa de José Dirceu disse que ex-deputado "sempre cumpriu a pena de forma exemplar e não faz sentido ele guardar um carregador de celular (na cela)". "Nós não acreditamos que isso tenha ocorrido", disse Roberto Podval, advogado.

Os advogados de Luiz Argôlo e Gim Argello não retornaram o contato da reportagem.

As defesas de Olívio Rodrigues Júnior e Luiz Eduardo da Rocha Soares não foram encontradas.


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