Folha de S. Paulo


Com resultado previsível, senadores apenas cumpriram tabela

Pedro Ladeira/Folhapress
Senadores cumprimentam Antonio Anastasia (PSDB-MG), autor do relatório pró-impeachment aprovado
Senadores cumprimentam Antonio Anastasia (PSDB-MG), autor do relatório pró-impeachment aprovado

A sessão para dar aval ao julgamento final de Dilma Rousseff correu por cerca de 16 horas no Senado como um jogo, em que tanto o time da casa como a equipe adversária apenas cumpriram tabela.

Antes mesmo de os trabalhos começarem, a derrota da petista já era dada como certa. Havia certa apreensão apenas quanto ao placar.

O principal temor dos aliados de Dilma era que ela tivesse menos votos do que havia obtido no dia em que seu afastamento foi sacramentado. Na ocasião, 22 senadores votaram com ela.

Já entre os partidários do presidente interino, Michel Temer, havia expectativa de ultrapassar a marca dos 60 votos, para demonstrar força no Congresso.

Dúvida sobre o resultado, entretanto, não havia. E, com o jogo dado, não houve espaço para surpresa nem nos discursos. Aliados de Dilma martelaram a tese de que ela é vítima de um golpe porque não haveria prova de que cometeu crime.

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) disse que nenhum de seus pares tinha "moral" para julgar Dilma. Sequer houve reação. Os parlamentares que estavam em plenário continuaram se dedicando às suas conversas privadas e cochichos ou apenas olhavam o celular.

O clima morno foi ainda mais perceptível no lado dos aliados de Temer. O PSDB foi a primeira bancada a abrir mão de pronunciamentos para acelerar o desfecho da sessão. Apenas o presidente da sigla, Aécio Neves (PSDB-MG), fez uma fala.

A tática se repetiu entre partidos como o PMDB e o DEM. Com os protagonistas optando por seguir um script previsível, os momentos mais extravagantes da sessão ficaram com personagens "coadjuvantes".

Magno Malta (PR-ES) subiu à tribuna e pediu um "close" no presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski, que comandou a sessão. Depois, chamou Dilma de "atriz canastrona" e, no fim, disse que faria um minuto de silêncio pelo "sepultamento" do PT. Lewandowski cortou a cena e o microfone do senador.

A presença do presidente do STF contribuiu para apaziguar os ânimos. Os próprios congressistas admitiram que foram mais comedidos por estarem diante de alguém que não é do convívio diário deles.

Lewandowski pediu logo no início que os senadores votassem com "coragem e independência", "pautando-se exclusivamente pelos ditames das respectivas consciências e pelas normas constitucionais e legais que regem a matéria".


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