Folha de S. Paulo


Restrições na lei eleitoral afugentam marqueteiros conhecidos em 2016

Victor Moriyama -12.jun.2013/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL. 12/06/2013. O Publicitario Duda Mendonca e o entrevistado nos estudios do UOL em Sao Paulo. (Fotos: Victor Moriyama/Folhapress, PODER) © Folhapress 2013 - Todos os direitos reservados.
O marqueteiro Duda Mendonça, que fez a campanha de Lula em 2002

Com restrição no financiamento, crise econômica e menor tempo de exposição dos candidatos na propaganda de rádio e TV, marqueteiros conhecidos pelos trabalhos em eleições anteriores desistiram ou afirmam que pensaram em desistir de coordenar campanhas municipais este ano.

As alterações foram introduzidas pela nova lei eleitoral, aprovada no ano passado para tentar tornar as campanhas mais baratas e reduzir a influência empresarial.

Em razão dos altos preços e do desgaste da imagem dos marqueteiros, algumas campanhas também abdicaram de contratar uma figura central para comandar a divulgação de seus candidatos.

Entre os publicitários que não participarão, um dos nomes mais conhecidos é o de Duda Mendonça, que fez a campanha que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva presidente em 2002. Em 2014, tentou transformar Paulo Skaf (PMDB) em governador de São Paulo. Ele preferiu ficar na Europa, onde tem agências em Portugal e na Polônia.

"Ele está assoberbado de trabalho por lá, tanto que já tem mais de um mês que não volta ao Brasil", disse a secretária de Mendonça à Folha.

Outro que ficará de fora é Edson Barbosa, o Edinho, que nos últimos anos cuidou da comunicação do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, morto em 2014, e recentemente conduziu os programas eleitorais do PT.

Conhecido no Rio Grande do Sul pelas campanhas vitoriosas do governador, José Ivo Sartori (PMDB), e do prefeito de Porto Alegre. José Fortunati (PDT), Marcos Martinelli diz que pensou em não trabalhar nas eleições deste ano por conta da "dificuldade que os partidos têm em se manter financeiramente".

Segundo ele, a própria contratação de profissionais mais qualificados depende de um pagamento maior, o que encarece o preço das campanhas eleitorais.

"Como vou retirar um bom publicitário de uma agência e pagar R$ 5.000 a mais do que ele ganha? Ele não vai querer sair", afirma. Ainda assim, Martinelli fará campanha fora do RS.

Tanto Edinho como Martinelli concordam que as legendas vão ter que dispensar as superproduções e repensar o atual modelo de campanha com esta eleição.

Em Minas Gerais, Cacá Moreno, que reelegeu o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), e participou da campanha de Pimenta da Veiga (PSDB) ao governo também fala que cogitou não estar em campanhas esse ano por causa das baixas propostas. No entanto, ele negociou coordenar o marketing de Paulo Brant (PSB), mas o partido desistiu de lançar candidato na sexta (5).

Na contramão do modelo adotado pelo PT há quatro anos na capital mineira, quando João Santana ganhou R$ 8 milhões para fazer a campanha de rádio e TV do ex-ministro Patrus Ananias, o atual candidato da legenda, Reginaldo Lopes, promete abdicar de marqueteiro.

Com restrição de financiamento, a campanha também não terá cartazes pendurados em postes, programa de governo definido com pesquisas qualitativas ou carros de som que percorrem a rua e tocam jingles a dezenas de decibéis.

"Queremos romper com o modelo fadigado de campanhas artificiais que promovem poluição visual e sonora nas cidades. Vamos priorizar a relação humana, os debates, a conversa", diz o petista.

Em Curitiba, Maria Victória (PP), filha do ministro da Saúde, Ricardo Barros, recorreu a uma agência de Maringá, base eleitoral da família, que fez o material da pré-campanha de forma voluntária, diz.

Rafael Greca (PMN) também restringiu o orçamento e optou por não ter marqueteiro –muito de sua campanha tem sido decidido por ele próprio.

Colaborou ESTELITA HASS CARAZZAI, de Curitiba


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