Umas das mudanças aprovadas na minirreforma eleitoral dificultará a exposição de candidatos de partidos pequenos, mesmo que bem colocados nas pesquisas.
De acordo com a nova legislação, só candidatos de legendas com ao menos dez representantes na Câmara passarão a ser obrigatoriamente convidados para os debates na TV e no rádio.
Os outros têm presença facultativa –cada emissora ficará responsável por decidir se irá chamá-los. Além disso, dois terços dos demais candidatos precisam estar de acordo com o convite.
Em pelo menos dez capitais, candidatos que se saem bem nas pesquisas pertencem a siglas nanicas.
O PSOL, com apenas seis deputados, tem três nomes de peso que correm o risco de ficar de fora de debates. A lei permite que se ultrapasse o piso com a soma dos parlamentares da coligação, mas o partido de esquerda não costuma se juntar a outros de representação significativa.
Em Porto Alegre, Luciana Genro, aparece em primeiro lugar em pesquisa realizada em julho pelo Instituto Methodus, com 20,8%.
Sua assessoria informou que se ela for excluída de debates, denunciará o caso como um "golpe" na internet. À Folha nenhum dos concorrentes se colocou contra a participação dela.
Em São Paulo, Luiza Erundina aparece em terceiro lugar no Datafolha, com 10% das intenções, atrás de Celso Russomanno (PRB) e Marta Suplicy (PMDB).
PSOL e Rede (com quatro deputados na Câmara) chegaram a considerar chapa única, na qual Ricardo Young seria vice de Erundina, que, assim, garantiria a presença. Mas o acordo não prosperou e Young é outro que poderá ficar fora dos debates.
Questionados, os candidatos Marta e João Doria (PSDB) se opuseram à participação de Erundina. Fernando Haddad (PT) foi favorável e Russomanno não quis comentar.
A assessoria da candidata disse que o PSOL entrou com ação no Supremo Tribunal Federal contra a regra e que está buscando a mobilização da opinião pública para impedir "possível censura".
O deputado Marcelo Freixo, candidato do partido no Rio, aparece em terceiro lugar em pesquisa Gerp de julho, com 7%, atrás de Marcelo Crivella (PRB), 34%, e Jandira Feghali (PC do B), 8%.
Seus adversários Índio da Costa (PSD) e Pedro Paulo (PMDB) são contrários à participação de Freixo em debates.
A assessoria de Freixo disse que, caso ele não seja chamado, serão realizados debates na rua em frente à emissora no mesmo horário da transmissão na TV.
Entre nanicos que toparam alianças e driblarão a restrição estão Alessandro Molon (Rede), no Rio, que se uniu ao PV (seis deputados) e Rafael Greca (PMN), em Curitiba, que reuniu grande coligação.