Folha de S. Paulo


'Governo de coalizão cansa eleitor e aprisiona prefeito', diz Ricardo Young

Rafael Hupsel -8.jun.2009/Folhapress
SAO PAULO, SP - 08-06-2009 - O presidente do Instituto Ethos, Ricardo Young, posa para a coluna Mercado Aberto. O instituto promove evento sobre responsabilidade social na proxima semana. (foto: Rafael Hupsel/Folha Imagem, DINHEIRO) ***EXCLUSIVO FOLHA***
Ricardo Young (Rede), candidato à Prefeitura de São Paulo

Candidato da Rede em São Paulo, o vereador Ricardo Young vai reeditar nesta campanha o discurso de 2014 de Marina Silva de "governar com os melhores", independente de partidos.

Sem coligação, ele tem como maior trunfo na eleição a participação da ex-presidenciável. Na pesquisa mais recente do Datafolha, há três semanas, apareceu com 1% das intenções de voto.

Empresário com atuação em ONGs, Young, 57, declarou patrimônio de R$ 11,2 milhões em 2012, mas diz que não pretende bancar a campanha com recursos próprios.

Folha - O sr. está em seu primeiro mandato na Câmara. Por que concorrer a prefeito?

Ricardo Young - Faço parte de um movimento amplo, que é a sustentabilidade na sociedade, da qual a Marina é a principal representante na política. Até 2010 não se falava na sustentabilidade. Na Câmara fiz isso. Como pré-candidato, vou organizar o tema de forma suprapartidária. Debatemos grandes temas da cidade de forma horizontalizada, com contribuição na questão do plano diretor, na discussão do conflito entre habitação e ambiente na periferia. Vou me candidatar para que essa visão se expanda.

O prefeito Fernando Haddad tentou promover alguns desses temas. Como avalia?

Os corredores de ônibus são positivos, mas não foram discutidos com as pessoas impactadas. Ciclovias são uma excelente medida, mas foram feitas de forma marqueteira. A redução da velocidade [em grandes vias] deixou de ser meritória quando a CET resolveu fazer armadilhas, em que você está a 60 km/h, mas, em uma alça de acesso, passa para 40 km/h sem nenhuma sinalização e é multado. Essas coisas do governo Haddad que ficam sob suspeição. A medida parece boa, mas o resultado traz problemas e não é discutido.

Qual deve ser a participação de Marina na campanha?

Será total. Na Rede, a campanha em São Paulo é prioritária. Vamos ter a Marina acompanhando intensamente, também na TV.

O eleitorado de Marina tende a ser próximo de Luiza Erundina [PSOL] e Haddad. Pode atrapalhar a sua candidatura?

A miríade de candidaturas mostra que há várias tendências a serem debatidas.

Os candidatos ditos de esquerda não renovaram o discurso. A escolha do Andrea Matarazzo [PSD] como vice da Marta foi resultado de um acordo nacional de sustentação do governo Temer. O eleitor está cansado disso.

O João Doria [PSDB] coliga com 13 partidos e, se vencer, já podemos prever um fatiamento absurdo dos cargos. Vamos trazer uma visão de gestão que permita uma articulação melhor com organizações que atuam na sociedade. No caso da Erundina, o PSOL avança ao não entrar na tese de governo de coalizão, mas tem discurso de esquerda antiga, de que as soluções se dão pela disputa.

A sua ideia se assemelha ao discurso de Marina na campanha presidencial de 2014.

[Vamos] governar com os melhores e com recursos tecnológicos que possibilitem a melhor articulação do poder público com os movimentos que estão produzindo soluções. Não é gratuito o que a Marina falava. Uma cidade com São Paulo, com universidades, empresas, movimentos sociais, tem milhares de pessoas competentes.

E a visão de governar por coalizão aprisiona o prefeito a uma lógica de 'só existe gente competente nos partidos'. As melhores competências estão fora dos partidos. Não significa confrontá-los, mas distribuir tarefas do governo.


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