Folha de S. Paulo


Luiza Erundina busca voto de jovens para fortalecer candidatura

Bruno Poletti - 15.jul.2015/Folhapress
A deputada federal Luiza Erundina (PSOL) pretende criar um 'efeito Bernie Sanders
A deputada federal Luiza Erundina (PSOL) pretende criar um 'efeito Bernie Sanders'

Em terceiro lugar nas pesquisas, a deputada Luiza Erundina (PSOL), cuja candidatura será oficializada neste domingo (24), terá que superar a falta de recursos e o pouco tempo de televisão para evitar que a candidatura à Prefeitura de São Paulo "desidrate" nos próximos meses.

Sem alianças, sua chapa deve ter cerca de 32 segundos por dia de propaganda gratuita, segundo cálculos do partido.

Fernando Haddad (PT) e João Doria (PSDB), atrás da ex-prefeita no Datafolha, terão tempo bem maior.

O orçamento também será apertado: estima-se que o partido gastará no máximo R$ 2,5 milhões para tentar elegê-la. O teto é de R$ 45,4 milhões.

Assim, a campanha aposta que Erundina, 81, pode usar a internet e as redes sociais para crescer entre os jovens, base eleitoral do PSOL, em que a deputada é pouco conhecida.

A ideia é criar um "efeito Bernie Sanders", o socialista de 74 anos que se tornou sensação da juventude na disputa com Hillary Clinton pela indicação democrata à Presidência dos EUA.

Para isso, o partido, além de organizar grupos de discussão abertos e presenciais, delibera parte do programa de governo em grupos do aplicativo Telegram e pelo Loomio, uma plataforma aberta de discussões online.

Erundina estuda ainda propor adotar gradualmente a gratuidade no transporte, demanda do Movimento Passe Livre, que levou milhares de jovens às ruas em junho de 2013. Ela defendia a medida quando prefeita, de 1989 a 1992.

Outro segmento considerado determinante para seu sucesso é a periferia, historicamente ligada ao PT, mas cujos votos Haddad parece não ter conseguido atrair.

Nesse aspecto, Marta Suplicy (PMDB) é vista como adversária, por ter perfil parecido com o do deputada: é ex-prefeita pelo PT (e rompeu com o partido), tem legado caro aos moradores de bairros mais pobres, como o Bilhete Único e os CEUs -e é a segunda colocada entre a população com renda de até dois salários mínimos (21%, contra 9% de Erundina).

A disputa entre as duas deve ser ainda mais acirrada caso a candidatura de Celso Russomanno (PRB), popular nesse estrato, seja impossibilitada pelo processo a que o deputado responde no STF (Supremo Tribunal Federal).

DEBATES

No momento, a preocupação do PSOL é que Erundina não tenha presença garantida nos debates de TV, que garantem exposição em horário nobre e possibilidade de confrontar oponentes, o que poderia ajudar a compensar o pouco tempo no horário eleitoral.

De acordo com lei eleitoral de 2015, as emissoras são obrigadas a convidar candidatos de coligações com pelo menos dez deputados eleitos –o PSOL tem seis. Elas podem convidar os outros, mas só com o aval de dois terços dos garantidos por lei.

Por isso, a campanha de Erundina tem se reunido com as empresas e com seus adversários. Também foi à Procuradoria-Geral da República e ao STF contestar a cláusula.

"Estamos em campanha com as emissoras pela participação do PSOL em todos os debates pela legitimidade que o partido tem em participar deles", disse Ivan Valente, vice da chapa, à Folha.

Se o plano falhar, o PSOL anunciou que fará assembleias em frente às emissoras.

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LUIZA ERUNDINA (PSOL), 81

10% NO DATAFOLHA

  • Vice Ivan Valente (PSOL), 70
  • Alianças nenhuma
  • Marqueteiro Pedro Ekman
  • Gasto estimado R$ 2,5 milhões
  • Pontos fortes uma das candidatas mais conhecidas pelos paulistanos (92%), já foi prefeita da cidade, tem força na periferia e baixa rejeição
  • Pontos fracos terá pouco tempo de TV, fará uma campanha com pouco dinheiro, não é conhecida entre os eleitores jovens

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