Folha de S. Paulo


Pedido de Lula para anular grampos não é consistente, diz Moro ao STF

Felipe Dana - 6.jun.16/Associated Press
Brazil's Former President Luiz Inacio Lula da Silva speaks at a rally in defense of public companies and against Brazil's interim President Michel Temer in Rio de Janeiro, Brazil, Monday, June 6, 2016. Lula criticized Brazil's interim president Temer and defended Petrobras, the state run oil company which was once a symbol of Brazil's prosperity and is now at the center of a corruption investigation. (AP Photo/Felipe Dana) ORG XMIT: XFD105
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teve telefonemas grampeados pela Lava Jato

Em manifestação enviada ao STF (Supremo Tribunal Federal), o juiz Sergio Moro afirmou que "não é consistente" o pedido da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para anular interceptações telefônicas feitas pela força-tarefa da Lava Jato.

A declaração é uma resposta a um pedido de informações enviado pelo presidente do STF, Ricardo Lewandowski, para que o juiz preste esclarecimento sobre atos que permitiram a divulgação de gravações de Lula com diversos político - entre eles, pessoas que tinham foro privilegiado e só podiam ser investigadas com aval do Supremo.

Os advogados de Lula pedem que o STF anule a validade, como prova, das interceptações.

No parecer, Moro afirmou que as investigações e as gravações voltaram para a Justiça do Paraná após análise do ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF.

Moro disse que seguiu à risca a decisão de Teori e que não há investigação de pessoas com foro privilegiado.

"Em nenhum momento, há qualquer autorização deste juízo, ao contrário do que parece sugerir o reclamante [Lula], para investigação de autoridades com foro por prerrogativa de função", escreveu o juiz.

"Quanto aos diálogos interceptados do ex-presidente com autoridades com prerrogativa de função, é evidente que somente serão utilizados se tiverem relevância probatória na investigação ou na eventual imputação em relação ao ex-presidente, mas é evidente que, nesse caso, somente em relação ao ex-presidente e associados sem foro por prerrogativa de função", completou.

Para o juiz, "é prematura afirmação de que serão de fato utilizados, já que dependerá da análise de relevância do Ministério Público e da autoridade policial".

Moro disse que "jamais serão eles utilizados em relação às autoridades com foro por prerrogativa de função, já que quanto a estas, mesmo se os diálogos tiverem eventualmente relevância criminal para elas, caberá eventual decisão ao eminente Ministro Teori Zavascki, ao qual a questão já foi submetida".

"Enfim a pretensão aparente do reclamante [Lula] de que este Supremo Tribunal Federal novamente avoque o processo de interceptação e finalmente invalide os diálogos interceptados do ex- presidente com autoridades com foro privilegiado não é, portanto, consistente com a r. decisão já tomada pelo ministro Teori Zavascki, que não invalidou essa prova e que devolveu o processo a este Juízo, e que está sendo cumprida estritamente por este juízo", afirmou.

PRIMEIRA INSTÂNCIA

O objetivo da defesa de Lula é suspender as investigações que estão na primeira instância sob o comando de Moro e retornar o caso para o Supremo.

As investigações contra o ex-presidente foram remetidas para Moro em junho, após decisão do ministro Teori Zavascki, que anulou uma gravação feita durante a Operação Lava Jato entre Lula e a presidenta afastada Dilma Rousseff.

"Mostra-se de rigor a concessão da medida liminar para que este Supremo Tribunal Federal avoque, novamente, todos os procedimentos conexos suspendendo-se, por consequência, o curso de tais procedimentos relacionados, bem como de quaisquer outros munidos com o conteúdo das interceptações em tela", diz a ação.


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