Folha de S. Paulo


Lava Jato denuncia Dirceu e Duque sob suspeita de receber propina

O ex-ministro José Dirceu (PT) e o ex-diretor da Petrobras Renato Duque foram denunciados nesta segunda-feira (27) sob suspeita de terem recebido propina por um contrato de tubulação da estatal.

Outras cinco pessoas também são acusadas de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa. A ação é resultado da 30ª fase da Operação Lava Jato, chamada de Vício, que foi deflagrada em 24 de maio.

Segundo a denúncia, executivos da empresa Apolo Tubulars interessados em fechar negócio com a Petrobras pediram ao lobista Julio Camargo que viabilizasse o contrato, que chegou ao valor de R$ 450 milhões, junto a Duque. Para isso, repassaram R$ 7,1 milhões em propina ao lobista e ao ex-dirigente da estatal.

A pedido de Duque, Dirceu teria recebido 30% da propina, cerca de R$ 2,1 milhões, ainda de acordo com o Ministério Público Federal.

Segundo a denúncia, a propina foi paga entre fevereiro de 2010 e julho de 2013.

AVIÕES

Como parte do acerto, afirma a denúncia, Camargo chegou a pagar despesas de Dirceu com o uso de dois aviões. O ex-ministro petista também teria sido pago por meio de um contrato falso com a empresa Credencial Construtora Empreendimento e Representações, cujos sócios também são alvos da denúncia.

De acordo com o Ministério Público Federal, Eduardo Aparecido de Meira e Flávio Henrique de Oliveira Macedo, da Credencial, realizaram diversos saques em espécie e mantiveram cerca de 300 contatos telefônicos com Dirceu e pessoas ligadas a ele.

A 30ª fase da Lava Jato investiga possíveis pagamentos de mais de R$ 40 milhões em propina a partir de contratos supostamente fraudulentos da Petrobras com fornecedoras de tubos, que ocorreram entre 2009 e 2013. O valor total do contrato das fornecedoras com a estatal chega a R$ 5 bilhões.

O juiz Sergio Moro já condenou Dirceu a 23 anos de prisão pelos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e organização criminosa pela participação no esquema de contratos superfaturados da construtora Engevix com a Petrobras.

Duque foi condenado em três ações por corrupção, associação criminosa e lavagem de dinheiro e suas penas totalizam mais de 50 anos de prisão.

OUTRO LADO

Procurada, a defesa de Dirceu e de seu irmão, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, afirmou que ainda está analisando a denúncia e não vai se pronunciar por enquanto.

As defesas de Duque e dos sócios da Credencial e da Apolo Tubulars não foram localizadas pela Folha até a publicação desta reportagem.

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ALVOS DA DENÚNCIA

  • José Dirceu, ex-ministro (PT)
  • Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras
  • Eduardo Aparecido de Meira, sócio da Credencial
  • Flávio Henrique de Oliveira Macedo, sócio da Credencial
  • Carlos Eduardo de Sá Baptista, executivo da Apolo Tubulars
  • Paulo Cesar Peixoto de Castro Palhares, executivo da Apolo Tubulars
  • Luiz Eduardo De Oliveira e Silva, irmão de José Dirceu

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