Folha de S. Paulo


Cunha se encontra com Temer para discutir sucessão na Câmara

Ueslei Marcelino -12.mar.2016/Reuters
Brazil's Vice President Michel Temer (L) is seen near President of the Chamber of Deputies Eduardo Cunha during the Brazilian Democratic Movement Party (PMDB) national convention in Brasilia, Brazil, March 12, 2016. REUTERS/Ueslei Marcelino ORG XMIT: BSB01
O presidente interino Michel Temer e o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, ambos do PMDB

Ameaçado de cassação, o presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), visitou na noite do domingo (26) o presidente interino, Michel Temer, no Palácio do Jaburu com a intenção de discutir a sucessão do seu cargo.

O encontro foi o terceiro de ambos desde que o peemedebista assumiu interinamente o Palácio do Planalto, em maio. Antes de aparecer na residência oficial, Cunha telefonou a Temer e pediu um encontro reservado, que foi aceito pelo presidente.

Preocupado com a possibilidade de cassação, Cunha estuda negociar uma possível renúncia para preservar seu mandato. Neste caso, ele deseja emplacar um aliado na presidência da Câmara dos Deputados, de preferência do chamado "centrão". Publicamente, o deputado nega qualquer intenção de renunciar.

Amigos do deputado avaliam que essa era uma estratégia que poderia funcionar antes da votação de seu processo no Conselho de Ética. Agora, não funcionaria mais.

A equipe de Temer admitiu oficialmente o encontro com Cunha e diz que os dois discutiram o atual "cenário político". Mas não confirma se debateram a sucessão.

Petistas acusam Temer de tentar montar uma operação para salvar o mandato de Eduardo Cunha, o que é reforçado pelos últimos encontros entre os dois.

O presidente interino está preocupado com o risco de uma disputa pelo comando da Câmara e tem buscado, nos bastidores, acertar com sua base a escolha de um candidato único para uma eventual sucessão de Cunha.

O receio do Palácio do Planalto é que um processo turbulento paralise o ritmo de votações e impeça a aprovação de medidas de interesse do governo, como a proposta do teto de gastos.

A saída de Cunha do cargo terá como efeito imediato a realização de uma nova eleição em um prazo de cinco sessões. O vencedor cumprirá um mandato-tampão até 1º de fevereiro de 2017.

Se de um lado o "centrão" deseja emplacar nomes como Rogério Rosso (PSD-DF) ou Jovair Arantes (PTB-GO), a bancada do PMDB busca um acordo com PSDB, DEM e PSB para lançar opções como Osmar Serraglio (PMDB-PR) ou Júlio Delgado (PSB-MG).

Na tentativa de evitar um racha na base aliada, o Planalto tem estimulado um consenso entre os grupos. Uma das ideias propostas é que eles revezem a presidência da Câmara nos próximos anos.

Nesta segunda (27), Serraglio, que preside a Comissão de Constituição e Justiça da Casa, escolheu o deputado Ronaldo Fonseca (PROS-DF) para relatar o recurso em que Cunha pede a anulação dos principais pontos de seu processo de cassação.

Fonseca é aliado de Cunha e evangélico da Assembleia de Deus, a mesma do deputado afastado.

Temer analisava nesta segunda indicar um deputado mineiro do PMDB para o Ministério do Turismo. Três nomes foram avaliados: Leonardo Quintão, Newton Cardoso Jr. e Saraiva Felipe.

O posto era ocupado por Henrique Eduardo Alves, que também representava o PMDB da Câmara e deixou o cargo no último dia 16.


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