Folha de S. Paulo


PT condena operação em sede e fala em tentativa de criminalizar partido

O Partido dos Trabalhadores (PT) condenou a operação de busca e apreensão da Polícia Federal em sua sede nacional, no centro de São Paulo, na manhã desta quinta-feira (23).

A Polícia Federal escalou homens do Grupo de Pronta Intervenção (GPI), um grupo de elite da corporação treinado para controlar distúrbios civis, para ajudar no cumprimento do mandado.

O partido disse que a operação foi "desnecessária" e "midiática" e ressaltou se tratar de uma "tentativa renovada de criminalizar o PT". Esta foi a primeira vez que a sede do partido foi alvo da PF.

Oito homens com uniformes camuflados e ostensivamente armados guardaram as entradas do prédio, enquanto outra equipe vasculhava o interior da sede do partido.

O cumprimento do mandado de busca e apreensão no PT fez parte da operação Custo Brasil, deflagrada nesta quinta. Paulo Bernardo, ex-ministro dos governos Lula e Dilma, foi preso preventivamente, entre outros.

A PF disse que o recrutamento do GPI foi para evitar confusões no local.

"Pela experiência sabemos que há riscos de tumultos e manifestações quando fazemos operações em sedes de partidos políticos", disse Patrícia Zucca, diretora de comunicação da PF de São Paulo. Os policiais estavam com armas não letais e letais.

O GPI foi criado para atuar em situações especiais, como grandes eventos (Copa, Olimpíada e reuniões de cúpula com representantes de outros países). Seus agentes também já operaram em ocupações de favelas no Rio, por exemplo.

No meio da manhã, um grupo de militantes chegou para protestar contra a operação da PF, que, na avaliação deles, persegue o PT. Eles estenderam uma grande faixa com os dizeres: "Tchau, ladrão", junto à imagem do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e a pergunta: "E o Temer?".

Havia ainda outra faixa que dizia "$TF acovardado", em referência ao Supremo Tribunal Federal, com imagens de cinco ministros –entre eles, Gilmar Mendes com um bico de tucano no lugar do nariz.

Os senadores do PT também divulgaram nota em que dizem que a ação aconteceu para desviar a atenção das irregularidades do governo do interino Michel Temer. Os parlamentares afirmaram estranhar "que tal prisão tenha ocorrido no momento em que a nação toma conhecimento de fatos gravíssimos de corrupção que atingem diretamente o governo provisório, o qual se instalou justamente para tentar paralisar as investigações da Lava Jato".

Paulo Bernardo foi preso preventivamente, suspeito de ter se beneficiado de R$ 7 milhões em propina. O valor que foi recebido por escritório de advocacia ligado ao petista.

O Senado irá protocolar no Supremo Tribunal Federal, ainda nesta quinta, uma reclamação formal contra a ação realizada nesta manhã no apartamento funcional da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), onde também estava Paulo Bernardo.

O Palácio do Planalto, por sua vez, avaliou que a prisão do ex-ministro melhora o clima para o presidente interino, Michel Temer, na comissão especial que analisa o impeachment da petista no Senado.

Já o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou que a prisão de Paulo Bernardo tem o objetivo de atingir Gleisi, que é mulher do ex-ministro.

VEJA A NOTA OFICIAL DO PT

"O Partido dos Trabalhadores condena a desnecessária, midiática, busca e apreensão realizada na sede nacional de São Paulo.

Em meio à sucessão de fatos e denúncias envolvendo políticos e empresários acusados de corrupção, monta-se uma operação diversionista na tentativa renovada de criminalizar o PT.

A respeito das acusações assacadas contra filiados do partido, é preciso que lhes sejam assegurados o amplo direito de defesa e o princípio da presunção de inocência.

O PT, que nada tem a esconder, sempre esteve e está à disposição das autoridades para quaisquer esclarecimentos".


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