Folha de S. Paulo


Em delação, Machado diz que Renan e Jucá recebiam mesada do petrolão

Alan Marques - 7.jun.2016/Folhapress
Brasilia,DF,Brasil 07.06.2016 O presidente do Senado Renan Calheiros conversando com Romero Juca durante sessao do Senado Federal Foto: Alan Marques/Folhapress Cod 0619 ORG XMIT: AGEN1606071620341385
O presidente do Senado, Renan Calheiros, conversa com senador Romero Jucá

Em sua delação premiada, o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado afirmou que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o senador Romero Jucá (PMDB-RR) receberam mesadas durante anos do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato.

Segundo Machado, os repasses para Renan começaram entre 2004 e 2005, após o senador o procurar e afirmar que precisava reforçar suas bases políticas. Machado afirmou que eram feitos repasses mensais a Renan de R$ 300 mil, durante dez ou 11 meses a cada ano. O presidente do Senado teria recebido R$ 32 milhões em propina, em dinheiro em espécie e doações oficiais.

Ele afirmou que foram R$ 8,2 milhões em doações, entre 2008 e 2014, citando, por exemplo, R$ 1 milhão da Camargo Correa, R$ 500 mil da Galvão Engenharia, R$3,7 milhões da Queiroz Galvão.

Machado disse ainda que em 2007 chegou a ter atritos com Renan, que queria mais recursos. Os encontros para discutir o esquema na Transpetro geralmente era feito na residência do senador em Brasília. Renan também mandou interlocutores ao Rio, na sede da Transpetro.

Indicado pelos peemedebistas do Senado, Machado permaneceu entre 2003 e 2015 no cargo. Ele disse que Jucá tinha repasses mensais de R$ 200 mil, também durante dez ou 11 meses a cada ano. O total de vantagem indevida seria R$ 21 milhões – sendo R$ 4,2 milhões em doações oficiais da Camargo Correa, Galvão Engenharia e Queiroz Galvão, entre 2010 e 2014.

Em relação ao ex-presidente José Sarney, Machado apontou que o primeiro repasse do esquema ocorreu em 2006 e foi de R$ 500 mil. A propina passou a ser anual para o peemedebista a partir de 2008, tendo recebido R$ 18,5 milhões desviados dos contratos.

Os pagamentos eram retribuição pela indicação e sustentação política no cargo. Além dos três, Machado apontou que seu nome teve aval dos senadores Edison Lobão (PMDB-MA) e Jader Barbalho (PMDB-PA).

O ex-diretor da Transpetro disse ainda que os pagamentos mensais para a cúpula do PMDB começaram com a chegada de Lobão no Ministério de Minas e Energia em 2008, no governo Lula.


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