Folha de S. Paulo


Após mudar de posição, deputado diz ter seguido consciência e informado partido

Pedro Ladeira/Folhapress
BRASILIA, DF, BRASIL, 14-06-2016, 14h00: O dep. Wladimir Costa (SD-PA) discute com o dep. Jose Geraldo (PT-PA). Conselho de ética da câmara aprova o relatório do dep. Marcos Rogério (DEM-RO) pela cassação do dep. afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A dep. Tia Eron (PRB-BA) foi aplaudida ao dar o voto que desempataria a votação em desfavor de Cunha. Deputados do PSOL, do PT, Rede e partidos contrários à Cunha comemoram no plenário do Conselho. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
O deputado Wladimir Costa (SD-PA) em sessão do Conselho de Ética que aprovou cassação de Eduardo Cunha

Um dos mais ardorosos defensores de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no Conselho de Ética, o deputado Wladimir Costa (SD-PA), disse ter votado com a consciência. Segundo ele, a decisão foi informada aos integrantes de seu partido cerca de duas horas antes da votação que se posicionaria pela cassação do mandato do peemedebista, negando ter seguido o voto de Tia Eron (PRB-BA).

O Conselho aprovou nesta terça-feira (14), por 11 a 9, a cassação do mandato de Cunha. Após a publicação do Diário da Câmara, abre-se um prazo de cinco dias úteis para o deputado recorrer à Comissão de Constituição e Justiça, o que ele já adiantou que fará. Após apreciação da CCJ, o processo segue para o plenário.

Costa afirmou que não sofreu pressão partidária para apoiar Cunha, nem de seu eleitorado, para cassar o presidente afastado da Câmara. Garantiu ainda que manterá seu voto no plenário.

"Não há provas cabais, materiais, mas há indícios fortes. Isso não se pode negar. Há uma série de indícios gravíssimos e, a cada dia que passa, as coisas vão se emaranhando casa vez mais. Hoje apenas admitimos que o processo tenha sequência".

O voto de Wladimir Costa surpreendeu todo o Conselho e evitou o voto de minerva, que caberia ao presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PR-BA).

Para parte dos conselheiros, o posicionamento de Costa foi uma "carona" no voto de Tia Eron, que era o mais esperado, já que estava sendo considerado decisivo para o destino de Cunha. Costa nega. "Não tem nada a ver com a Tia Eron. Por volta das 17h, já tinha informado no grupo [de whatsapp] do Solidariedade que eu iria votar contra o Cunha. Me antecipei ao voto dela".

Na mensagem enviada ao grupo da bancada do Solidariedade da Câmara, o deputado pediu desculpas e disse saber que uma minoria no partido ficaria "frustrada" com o voto dele. "Não agradarei a todos, mas agradarei a quem tenho como prioridade agradar, que é a minha consciência, e evitar que o nosso partido seja literalmente chamuscado e tenha a nossa imagem depreciada por causa de quem não possui qualquer sentimento de amor pela nossa sigla", escreveu às 16h34.

Houve integrante do Conselho que ironizasse e levantasse a hipótese de que o voto de Costa foi combinado com Cunha para justamente evitar o voto de Araújo. O deputado do Solidariedade também nega e disse não manter contato com o peemedebista.

Cunha manteve ao longo da tramitação do processo de cassação de seu mandato, cerca de oito meses, o mais longo da história do Conselho de Ética, o costume de atacar e criticar o presidente do colegiado, José Carlos Araújo, a quem sempre atribuiu uma postura "parcial" e erros propositais com objetivo de "aparecer".


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