Folha de S. Paulo


Procuradoria-Geral da República faz terceira denúncia contra Cunha ao STF

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ofereceu nesta sexta-feira (10) a terceira denúncia contra o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na Operação Lava Jato, que apura um esquema de corrupção na Petrobras.

A acusação desta vez é de que o parlamentar tenha solicitado e recebido propina do consórcio formado por Odebrecht, OAS e Carioca Christiani Nielsen Engenharia –que atuava na obra do Porto Maravilha– no montante de cerca de R$ 52 milhões.

Os recursos seriam vantagens indevidas pela aquisição de títulos da prefeitura do Rio de Janeiro pelo Fundo de Investimentos do FGTS (FI-FGTS). Segundo as investigações, Cunha era próximo do então vice-presidente da Caixa Fábio Cleto, que integrava o conselho curador do FGTS. O dinheiro do fundo seria utilizado para permitir as obras do porto.

Em seus acordos de delação premiada, os empresários Ricardo Pernambuco e Ricardo Pernambuco Júnior entregaram uma tabela de transferências de contas no exterior.

De acordo com os empresários, as transferências eram propina para Cunha com o objetivo de obter a liberação de verbas do fundo de investimentos do FGTS para o projeto do Porto Maravilha, no Rio, do qual a Carioca Engenharia obteve a concessão em consórcio com as construtoras Odebrecht e OAS. Essa liberação ocorreria por influência de Fábio Cleto.

As transferências informadas à PGR totalizam US$ 3,9 milhões entre 2011 e 2014, saindo de contas na Suíça dos delatores para cinco contas no exterior que eles afirmam terem sido indicadas pelo próprio Cunha.

As contas que receberam propinas foram as seguintes, segundo os empresários: Korngut Baruch no Israel Discount Bank (sede em Israel), Esteban García no Merrill Lynch (EUA), Penbur Holdings no BSI (Suíça), Lastal Group no Julius Bär (Suíça) e outra Lastal Group no Banque Heritage (Suíça).

Segundo Ricardo Pernambuco Júnior, Cunha esteve pessoalmente no escritório da Carioca Engenharia em São Paulo em 10 de junho de 2014. Quinze dias depois, foi feita uma transferência no exterior para uma nova conta.

OUTRO LADO

Em nota, Cunha afirmou que não tem relação com os fatos da denúncia e que desmente "qualquer recebimento de vantagem indevida de quem quer que seja". Disse que tem "a convicção que provarei a minha inocência".

Afirmou que "é estranha a seletividade do procurador-geral da República com relação a mim" e reclamou que não chegou a ser ouvido em depoimento em nenhum dos três inquéritos que resultaram em denúncias.

Disse estranhar a denúncia no momento em que o Conselho de Ética da Câmara está prestes a julgar o processo de sua cassação e que estranhou a abertura de novos inquéritos logo após a votação do impeachment na Câmara.


Endereço da página:

Links no texto: