Folha de S. Paulo


Ações contra jornalistas do Paraná são constrangimento, afirma ABI

A Associação Brasileira de Imprensa classificou como "inaceitável constrangimento" a reação de magistrados e promotores de Justiça a uma reportagem do jornal "Gazeta do Povo" sobre supersalários das categorias no Paraná.

Até agora, 36 ações em pelo menos 15 cidades foram abertas contra repórteres do jornal, somando um pedido de R$ 1,3 milhão em indenizações por danos morais. Os processos obrigam os cinco jornalistas que assinaram o material a viajarem por dias seguidos às audiências.

"A ABI entende que esse movimento coordenado não se destina a qualquer tipo de reparação por danos morais", afirma, em nota, o presidente da entidade, Domingos Meirelles. "O 'modus operandi' utilizado pelos autores [das ações] revela justamente o que se pretende ocultar: intimidar jornalistas e cercear a liberdade de imprensa, um dos pilares do Estado democrático", completa a nota.

Meirelles afirmou que é surpreendente que "a iniciativa tenha partido de parcelas de segmentos do serviço público que têm o dever constitucional de zelar pela boa prática do direito".

Para a ABI, a "retaliação" dos funcionários públicos visa "apenas a defesa de privilégios, em flagrante desrespeito a princípios consagrados pela Carta de 1988".

A reportagem, publicada em fevereiro, compilou dados públicos para mostrar que, somados benefícios, a remuneração total de magistrados e promotores no Paraná ultrapassa o teto do funcionalismo público.

A Amapar (Associação dos Magistrados do Paraná) diz que os juízes exerceram o seu direito ao entrar com as ações.


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