Folha de S. Paulo


Palocci contesta apelido atribuído a ele em planilhas da Odebrecht

Evaristo Sa - 8.jun.2011/AFP
O ex-ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, discursa na posse de Gleise Hoffmann, sua substituda no Ministério, após sua saída, no Palácio do Planalto, em Brasília (DF). Palocci apresentou sua renúncia em meio a alegações de corrupção, disseram autoridades. O ex-ministro, disse o advogado-geral do Brasil, confirmou
O ex-ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, discursa no Palácio do Planalto, em Brasília (DF)

Um e-mail escrito pelo empresário Marcelo Odebrecht em 2010 contradiz a versão de que o personagem que aparece em papéis da Odebrecht com o codinome de "Italiano" seja o ex-ministro Antonio Palocci, segundo o advogado de defesa dele, José Roberto Batochio.

Na mensagem, Marcelo, ex-presidente do grupo Odebrecht, afirma que "Italiano não estava na diplomação", referindo-se à cerimônia em que a presidente Dilma Rousseff foi reconhecida como eleita em 17 de dezembro de 2010.

Palocci, porém, esteve nessa cerimônia, como mostram fotos publicadas por vários jornais, inclusive pela Folha, segundo Batochio.

"Qualquer pessoa que apresente uma versão diferente está desmentido o Marcelo e as fotos feitas na diplomação", afirma Batochio.

No último domingo (5), reportagem da Folha apontou que executivos da Odebrecht vão relatar no acordo de delação que está sendo negociado pela empresa com procuradores da Lava Jato que "Italiano" é Palocci e "Pós-Itália", Guido Mantega, também ex-ministro da Fazenda.

A narrativa dos executivos da Odebrecht é baseada em uma planilha feita dois anos depois da mensagem de Marcelo Odebrecht. No documento, o nome de "Italiano" aparece associado a R$ 6 milhões e o de "Pós Itália", a R$ 50 milhões.

Seriam valores que a empresa repassou aos ex-ministros para alimentar o caixa dois de campanhas do PT, ainda de acordo com executivos da Odebrecht.

A planilha cobre o período que vai de 2008 a julho de 2012, quando teria sido repassado ao PT um total de R$ 200 milhões, segundo a planilha.

O documento foi enviado como anexo de um e-mail em 3 de agosto de 2012 por Fernando Migliaccio, um executivo da Odebrecht que cuidava de contas da empresa no exterior usadas para pagar propina.

Ele foi preso em fevereiro na Suíça, quando tentava fechar uma conta bancária, e deve ser extraditado para o Brasil.

Batochio já tentou anular as delações premiadas de Fernando Soares e de Alberto Youssef, que acusam Palocci de ter intermediado R$ 2 milhões para a campanha de Dilma Rousseff em 2010, mas o Supremo não aceitou a alegação de que os delatores teriam mentido.


Endereço da página:

Links no texto: