Folha de S. Paulo


Comissão confirma retirada de áudios de Sérgio Machado do impeachment

Edilson Rodrigues/Agência Senado
Da esq. para a dir., José Eduardo Cardozo, Antonio Anastasia e Raimundo Lira
Da esq. para a dir., Cardozo, Anastasia e Lira, em sessão da comissão do impeachment no Senado

Com mais de dez horas de discussão, a comissão especial do impeachment referendou na noite desta quinta-feira (2) a decisão do relator do processo, senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), de rejeitar a inclusão da delação do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado e as gravações em que ele conversa com lideranças do PMDB na fase de coleta de provas para o processo.

A comissão também rejeitou, assim como Anastasia havia defendido, o pedido feito pela defesa de oitiva de especialistas e a realização de uma perícia e auditoria econômico-financeira e contábil feita por uma consultoria internacional nos decretos de crédito suplementar e nas pedaladas fiscais.

A discussão sobre a forma como os requerimentos seriam votados esquentou os ânimos dos senadores culminando com a saída da comissão dos parlamentares que apoiam Dilma antes mesmo que a votação fosse concluída. O ex-ministro da Justiça e da Advocacia-Geral da União José Eduardo Cardozo, advogado da petista, também se retirou da comissão.

"Hoje a situação chegou a um tal ponto que a defesa se retirou e senadores que não concordaram também. E nós fizemos isso porque a violência contra o direito de defesa é inominável. Nem na Câmara, com o presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ) [hoje deputado afastado] comandando, aconteceu algo parecido", disse Cardozo.

Os senadores queriam que cada requerimento fosse votado em separado com a discussão específica. O presidente da comissão, Raimundo Lira (PMDB-PB), decidiu fazer a votação em bloco, o que motivou a reação dos senadores da oposição.

Com a saída de Cardozo, Lira nomeou a consultora legislativa Juliana Magalhães como defensora substituta. Ela deu um parecer oral em relação a dois destaques que haviam sido pedidos inicialmente pelos senadores.

Ao final da sessão, Cardozo afirmou que irá pedir uma audiência com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, que, nesta fase do processo, é o responsável por decidir sobre os recursos da comissão, para discutir o que aconteceu na comissão nesta quinta.

Ainda de manhã, a comissão reduziu em 20 dias o prazo para a tramitação do processo contra Dilma Rousseff no colegiado do Senado. Dessa forma, a votação final do caso pode acontecer ainda em julho. A defesa da petista irá recorrer da decisão ao Supremo.

Lira acredita que até a próxima terça-feira (7) o presidente do STF Ricardo Lewandowski responderá e os senadores poderão votar o calendário. Nesta fase do processo, cabe ao ministro decidir sobre os recursos apresentados na comissão.


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