Folha de S. Paulo


Estudantes de direito da USP fazem escracho contra ministro da Justiça

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Alunos da São Francisco fazem escracho contra Alexandre de Moraes, ministro da Justiça e professor da faculdade, nesta segunda (30)
Alunos da São Francisco fazem escracho contra Alexandre de Moraes, nesta segunda (30)

Estudantes da Faculdade de Direito da USP fizeram nesta segunda-feira (30) escracho contra o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, que é professor da unidade.

Organizado pelo Comitê São Francisco Contra o Golpe, formado por alunos contrários ao impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, o ato aconteceu no início da primeira aula de Moraes desde sua posse como ministro do governo de Michel Temer (PMDB), em 12 de maio. Antes, ele ocupava o cargo de secretário da Segurança Pública na gestão Geraldo Alckmin (PSDB), em São Paulo.

Segundo integrantes do comitê, que pediram para não ser identificados por medo de represálias, o protesto teria como objetivo denunciar o que chamaram de "ministério conservador" e criticar a atuação de Moraes enquanto secretário da Segurança, considerada repressiva.

Os alunos colaram cartazes com dizeres como "bate em professor", "bate em estudante", "amigo do PCC" –referência ao fato de Moraes ter advogado pela cooperativa Transcooper, citada em investigações que apuram esquema de lavagem de dinheiro da organização do tráfico– e "golpista", além de uma bandeira da UNE (União Nacional dos Estudantes) na sala em que Moraes ministra a disciplina Direitos Fundamentais.

FALTAS

Outra crítica do movimento é que Moraes teria faltado às aulas desde que assumiu como ministro. "Ele continua recebendo dinheiro público e não está fazendo a parte dele."

Segundo eles, a prática não é incomum entre os professores que ocupam, paralelamente, cargos públicos, como o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski.

O ministro chegou a entrar na sala, mas saiu pouco depois, enquanto um estudante dizia ao microfone que daria uma "verdadeira aula de direitos fundamentais". Segundo relatos, ele retornou à sala após a retirada dos cartazes e retomou a aula, sem fazer comentários sobre a intervenção.

PROTESTOS

No dia 13 de maio, dia seguinte ao afastamento de Dilma Rousseff da Presidência, alunos da faculdade organizaram protesto contra a professora Janaína Paschoal, uma das autoras do pedido de impeachment contra a petista.

O cartaz com dizeres "golpista" motivou disputa entre alunos pró e contra a advogada, que é professora do departamento de Direito Penal na unidade.

No caso do ministro da Justiça, os integrantes do comitê ouvidos pela Folha afirmaram que não houve atritos durante o protesto, porque seria "mais generalizado entre as vertentes ideológicas da faculdade o desgosto pelo que ele [Moraes] representa".

Por meio de sua assessoria, o ministro Alexandre de Moraes informou que não se manifestaria sobre o ocorrido.


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