Folha de S. Paulo


Para Moro, cooperação internacional é importante para combater corrupção

Aline Martins/Folhapress
Manifestantes protestam em frente ao Tribunal de Contas da Paraíba, em João Pessoa, onde o juiz federal Sergio Moro participa de conferência
Manifestantes protestam contra o juiz federal Sergio Moro durante conferência em João Pessoa

Manifestantes do Levante Popular da Juventude organizaram um protesto contra o juiz Sergio Moro em frente ao Tribunal de Contas da Paraíba, em João Pessoa, onde o magistrado participou de uma conferência na manhã deste sábado (28).

Além do tradicional grito de "fora, Temer" e das faixas contra o impeachment, houve cartazes e cantos contra o juiz, como "a verdade é dura, o Sergio Moro é a justiça da ditadura".

Em redes sociais, os manifestantes chamaram o magistrado, responsável pelos processos da Operação Lava Jato no Paraná, de "seletivo", "golpista" e "contra a democracia". Um cordão de policiais foi formado e não houve confrontos.

Moro estava na cidade para participar da conferência internacional "Investimento, Corrupção e o Papel do Estado", organizada em parceria com a Suíça. Em sua palestra, Moro destacou a importância de acordos internacionais para combater evasão de divisas e outras práticas de corrupção.

"Tem sido uma constante nesse caso da Operação Lava Jato, falando especialmente dos casos já julgados, o fato de algumas pessoas envolvidas naqueles crimes terem colocado o produto da sua atividade em contas normalmente secretas, ditas não declaradas, não com nome próprio, nomes de terceiros ou em nomes de corporações nos mais variados países", disse ele. "Os países assumem juntos a responsabilidade de cumprir esses acordos [de cooperação]", afirmou.

O magistrado destacou dois mecanismos para coibir a prática de crimes: o sequestro e a extradição de bens.

"Tem um velho ditado que diz: 'o dinheiro tem coração de coelho e patas de lebre'. E o dinheiro circula muito rapidamente. Para que seja exitoso esses processos, se provado o crime, ter que sofrer as consequências de uma sanção criminal, isso não é suficiente. É necessária a recuperação do produto do crime", disse ele.

Para explicar a dificuldade da Justiça em punir criminosos fora do país, Moro fez comparações com filmes de faroeste. "Havia uma corrida de cavalo por um tempo até, dependendo do filme, chegar à fronteira do México. O criminoso atravessava e de repente 'fim'. Fim a possibilidade de poder capturar e que a Justiça prevalecesse para que fosse punido. Embora figura de filme, é algo que ilustra uma barreira que a Justiça tem que vencer em relação a criminalidade", disse.

O juiz afirmou ainda que "o sistema judicial é muito lento", mas que a "morosidade tem a ver com a complexidade dos casos". Ao fim do evento, Moro deixou o local de helicóptero.


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