Folha de S. Paulo


Revelação de plano para impeachment abala credibilidade, diz 'Guardian'

O jornal britânico "The Guardian" afirmou que a queda do ministro Romero Jucá e a revelação de uma "trama maquiavélica" para derrubar o governo Dilma Rousseff abalaram a credibilidade do governo de Michel Temer.

"A credibilidade do governo interino foi abalada na segunda-feira (23) quando um ministro foi forçado a se afastar em meio a revelações sobre a trama maquiavélica para levar ao impeachment da presidente Dilma Rousseff", diz trecho da publicação.

O ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB-RR), se afastou na segunda após a Folha divulgar áudios em que ele diz que a mudança de governo poderia "estancar a sangria" da Lava Jato.

O "Guardian" diz que "as motivações dúbias e natureza maquiavélica da trama para retirar Dilma Rousseff do poder ficam aparentes na transcrição da conversa".

Afirma ainda que este não deve ser o "último golpe" contra Michel Temer, já que seu gabinete inclui "sete ministros implicados na Lava Jato."

A publicação afirma ainda que o governo interino, até o momento, mostrou "poucos sinais de reduzir a tensão e restaurar a credibilidade" no país.

"Seu gabinete todo branco e todo masculino foi duramente criticado por não ser representativo do país, suas medidas de austeridade são impopulares e seu líder já voltou atrás da decisão de tirar da Cultura o status de ministério após protestos de artistas, músicos e cineastas."

ECONOMIA

O "Financial Times", principal jornal de economia e finanças da Grã-Bretanha, também disse que a saída de Jucá pode prejudicar o governo Temer, "bem quando ele está tentando lançar um plano econômico ambicioso que visa equilibrar as contas do Brasil e lançar as bases para uma recuperação econômica."

Segundo analistas ouvidos pelo jornal, porém, a decisão de Jucá de se afastar rapidamente pode "limitar os danos políticos" da crise.

Já o americano "New York Times" disse que as "transcrições sugerem um plano por trás do esforço de afastar a presidente do Brasil".

"O presidente interino do Brasil, Michel Temer, sofreu um grande revés em sua campanha para 'conquistar' o país" com o surgimento de gravações que sugerem "que um de seus ministros tramou para parar a investigação na Petrobras ao buscar o impeachment de Dilma Rousseff."

O jornal diz que Temer substituiu todos os ministros para "ganhar a confiança dos brasileiros e dos investidores", mas que mesmo assim nomeou ministros já implicados nas investigações de corrupção.

Segundo a reportagem, as novas acusações devem "levantar mais questões sobre os motivos por trás do ímpeto de promover o impeachment de Dilma".

Também poderiam, segundo o jornal, aumentar o escrutínio sobre outros ministros que enfrentam problemas legais.


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