Folha de S. Paulo


Líderes governistas na Câmara apoiam afastamento de Jucá

Líderes da base do governo Michel Temer na Câmara apoiaram o afastamento de Romero Jucá do Ministério do Planejamento mal o senador anunciou sua licença do cargo no fim da tarde desta segunda-feira (23).

A decisão de Jucá ocorreu após a divulgação pela Folha de gravação de uma conversa entre o senador e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, em que o parlamentar fala em um pacto para deter o avanço da Operação Lava Jato. O peemedebista pretende esperar que o Ministério Público se pronuncie sobre as informações.

Líder do PSDB, Antonio Imbassahy (BA) classificou a decisão como "acertadíssima" e disse que já era esperada. "O ministro tem uma capacidade de avaliação e, certamente, dará oportunidade para que ele se dirija à Procuradoria-Geral da República, e tome conhecimento dos fatos e se defenda. Em se defendendo e manifestando que não tem nenhum tido de culpa, fica numa situação muito melhor", afirmou o deputado.

Para Imbassahy, apesar de Jucá ser um dos "homens fortes" de Temer, dos mais próximos ao presidente interino, seu afastamento não prejudica a articulação política do novo governo.

"É uma situação complexa e grave, um ministro que está sendo colocado em xeque, mas isso não significa uma crise interminável, que o governo está marcado indefinidamente".

O tucano afirmou ainda que "não existe acordo nenhum" e "ninguém é capaz de fazer acordo que interrompa a operação". "Foi tentado pela Dilma, pelo ex-presidente Lula, obstruir, e não se conseguiu".

O líder do DEM, Pauderney Avelino (AM) elogiou o desenrolar dos fatos. "Ele [Jucá] fez o que precisava ser feito. Há uma solução rápida com o afastamento do ministro para se defender".

Já Rubens Bueno (PR), líder do PPS, adotou um tom mais crítico. "Primeiro, Jucá não deveria ter sido nomeado. Segundo, seu pedido de licença nesse momento, apesar do desgaste que já causou ao governo, é um ato meritório, daqueles que querem contribuir para o país. Porque com ele no governo, a crise está dentro do governo. Saindo do governo, a crise está com ele. Portanto ele vai se defender daquilo que está sendo acusado".

O anúncio da licença do cargo ocorreu após a divulgação de áudio que desmentiu a versão inicial do ministro de que ele se referia à situação econômica.

Após o vazamento, Jucá e Temer se reuniram no Palácio do Jaburu e, segundo relatos de aliados, avaliaram que a situação havia se tornado insustentável e que a licença seria a melhor forma de evitar aumento do desgaste.


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