Folha de S. Paulo


Compromisso com Lava Jato é 'absoluto', diz ministro da Justiça

Joel Silva - 14.ago.2015/Folhapress
Secretário de segurança pública do Estado, Alexandre de Moraes
O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes

O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, negou nesta segunda-feira (23) que o governo Michel Temer tenha recuado no empenho de dar prosseguimento à Operação Lava Jato.

Segundo ele, segue "absoluto" o compromisso da gestão interina no combate à corrupção e na "total independência" da Polícia Federal.

Em gravação revelada pela Folha, o ministro Romero Jucá (Planejamento) sugeriu em março que uma mudança no governo federal resultaria em um pacto para deter a Operação Lava Jato.

"O compromisso do governo Michel Temer e do Ministério da Justiça com o combate à corrupção e a efetividade da Operação Lava Jato é absoluto e todas as condições necessárias serão garantidas à Polícia Federal, para que permaneça com total independência no prosseguimento das investigações", disse Moraes à Folha.

O presidente interino está sendo aconselhado por sua equipe que a melhor saída é o afastamento temporário de Jucá depois que foi divulgada a gravação.

Segundo a Folha apurou, a tendência é o ministro ainda hoje, depois de dar entrevista à imprensa, pedir seu afastamento do governo para se defender. A única hipótese de ele ficar no posto é se as explicações do ministro forem capazes de afastar qualquer crise no governo, o que é considerado difícil por sua equipe.

Com a ressaca da divulgação de áudio em que Jucá fala em pacto para deter o avanço da Operação Lava Jato, o governo federal começou a avaliar desde a noite de domingo (22) os impactos de uma eventual saída do cargo do ministro do Planejamento.

Pedro Ladeira - 5.abr.16/Folhapress
Romero Jucá, ministro do Planejamento, disse que criar novo imposto não é a primeira opção do governo
Romero Jucá (PMDB-RR), senador licenciado e ministro do Planejamento, em fala no Senado Federal

A avaliação de governistas e aliados é que o episódio passa uma "péssima imagem de partida" da gestão interina e afeta discurso do presidente em exercício de que deixará a Operação Lava Jato transcorrer normalmente.

Na tentativa de solucionar a primeira crise do novo governo, o presidente interino se reuniu nesta manhã com os ministros Jucá e Eliseu Padilha (Casa Civil) e com o assessor especial Moreira Franco.

Em conversas ocorridas em março passado, e reveladas pela Folha, o ministro sugeriu ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado que uma "mudança" no governo federal resultaria em um pacto para "estancar a sangria" representada pela Operação Lava Jato, que investiga ambos.

Gravados de forma oculta, os diálogos entre Machado e Jucá ocorreram semanas antes da votação na Câmara que desencadeou o impeachment da presidente Dilma Rousseff. As conversas somam 1h15min e estão em poder da PGR (Procuradoria-Geral da República).


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