Folha de S. Paulo


Ministros do governo Temer são alvo de investigações além da Lava Jato

Além de nomes citados na Lava Jato, a equipe do presidente interino Michel Temer (PMDB) tem ministros que respondem a outras acusações na Justiça.

O ministro dos Transportes, Maurício Quintella (PR), é suspeito de participação em esquema que teria desviado R$ 133,6 milhões destinados ao pagamento de merenda escolar em Alagoas.

A acusação é referente ao período em que Quintella foi secretário de Educação de Alagoas, entre 2003 e 2005. Em agosto de 2014, o ministro chegou a ser condenado pela Justiça de Alagoas, mas recorreu.

O ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP), é alvo de um inquérito no STF que investiga suposto direcionamento em licitação de publicidade da prefeitura de Maringá, onde ele foi prefeito.

A gestão de Barros na prefeitura paranaense ainda rendeu outros dois inquéritos: um por supostas irregularidades na licitação para compra de equipamentos e outro por concessão de incentivos fiscais considerados ilegais.

Além de investigado na Lava Jato, o ministro do Planejamento, Romero Jucá, enfrenta outros dois inquéritos.

Em um deles, é acusado de crime de responsabilidade por suposto desvio de recursos federais que deveriam ser destinados a obras em Cantá (RR). No outro, é acusado de crime contra o patrimônio e falsidade ideológica.

Já o ministro das Relações Exteriores, José Serra, é alvo de processo de reparação de danos por improbidade administrativa ajuizada pelo Ministério Público Federal.

A ação, desarquivada pelo STF em março, tem como objeto a ajuda financeira do Banco Central a bancos na gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, na qual Serra foi ministro.

Gilberto Kassab, da Ciência, Tecnologia e Comunicações, enfrenta dois processos por improbidade administrativa, referentes ao período em que foi prefeito de São Paulo, e dois inquéritos.

Jucá, Leonardo Picciani (Esportes) e Ronaldo Nogueira (Trabalho) são alvo de contestações nas contas eleitorais. Nogueira teve suas contas de 2014 rejeitadas pelo TRE-RS por modificar valores e origem dos recursos, ausência de apresentação de recibos eleitorais e recebimento de doações de fonte vedada.

Picciani é alvo de representação do Ministério Público Eleitoral por suposta captação e gastos ilícitos na campanha de 2014.

Jucá é acusado de crime eleitoral na campanha de 2010. Um assessor dele foi encontrado pela PF com R$ 80 mil em espécie.

Ministros investigados na justiça

OUTRO LADO

O ministro da Saúde, Ricardo Barros, defende a legalidade de suas ações na prefeitura de Maringá. Em nota, diz que não foram constatadas irregularidades na investigação sobre os serviços de publicidade.

Sobre a suposta fraude na compra de equipamentos, diz que, embora não tenha participado diretamente da transação, o valor da venda foi correto. Em relação às isenções tributárias, diz que as concedeu baseado no Código Tributário Municipal vigente.

Quintella, dos Transportes, informou que "está certo de que será isento de qualquer responsabilidade" nas acusações de desvio de recursos da merenda escolar em Alagoas.

Gilberto Kassab, por meio de seu advogado, informou que os inquéritos "tratam de questões inerentes à administração pública e confia que, após apresentação de esclarecimentos, será constatada a regularidade da atuação [dele]".

Ronaldo Nogueira, ministro do Trabalho, diz que a desaprovação das suas contas de campanha "ocorreu com base em critérios burocráticos" e afirma que confia na aprovação das contas por considerar que não houve dolo.

Leonardo Picciani, da pasta do Esporte, informa que a ação que é alvo foi indeferida este mês pelos desembargadores do TRE-RJ.

Procurados, os ministros José Serra e Romero Jucá não responderam a noite desta quarta-feira (18).


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