Folha de S. Paulo


Política de aliança para eleições 2016 gera impasse em reunião do PT

Carlos Villalba R./Efe
O presidente do PT, Rui Falcão
O presidente do PT, Rui Falcão

A definição sobre a política de alianças que o PT vai adotar nas eleições municipais deste ano é o tema que gerou mais discussão na reunião do diretório nacional da sigla, que acontece nesta terça-feira (17) em Brasília.

Como a Folha antecipou, uma resolução política vai ser divulgada no fim do encontro em que a cúpula petista faz uma forte e rara autocrítica e diz que só é possível entender o impeachment se forem avaliados "os erros cometidos por nosso partido e nossos governos", principalmente em relação à política de alianças e ao modelo econômico.

Um texto à parte, que também pode sofrer alterações, foi elaborado após reunião da executiva do partido, nesta segunda (16), encabeçada pelo presidente do PT, Rui Falcão, para nortear as alianças de 2016. A ordem é priorizar os partidos que apoiaram Dilma Rousseff no processo de impeachment, mas não fechar portas para outros acordos que seriam analisados "caso a caso".

Na reunião do diretório nacional nesta terça, alas mais à esquerda do partido reivindicam que a política de alianças não só "priorize" os partidos que apoiaram Dilma mas "se negue" a fazer acordo com legendas que encaminharam voto a favor do impeachment. Dirigentes do campo majoritário, por sua vez, dizem que isso "inviabilizaria" a projeção do PT nas eleições deste ano, que deve priorizar a cidade de São Paulo, do prefeito Fernando Haddad.

A resolução que deve ser divulgada sobre o assunto deve ser mais flexível, discutindo caso a caso quando houver polêmica.

"Dado o conjunto de compromissos defendido pelo PT ao longo de suas administrações públicas, é indispensável o esforço de diálogo com os partidos do campo democrático-popular e estendê-lo, caso a caso, a setores e partidos que, mesmo fora deste espectro, defendam conosco pontos programáticos para as eleições municipais", diz o texto inicial, que ainda pode ter mudanças.

Segundo a cúpula do partido, as candidaturas para as eleições deste ano devem "prosseguir na luta em defesa da democracia, em oposição ao governo usurpador [de Michel Temer] e na volta da presidenta Dilma com um programa de mudanças".

No documento, o PT afirma ainda que a sigla será "alvo" de "setores conservadores" da sociedade e da imprensa que têm "o intuito de barrar a eventual candidatura à Presidência" do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Convidado para o encontro desta terça, porém, Lula não compareceu. Aliados dizem que ele "está muito cansado" e que precisa "se poupar" em um momento de tanto desgaste.

FINANCIAMENTO

Após quadros importantes do partido serem presos em escândalos de corrupção que tinham como base o financiamento empresarial de campanha, o PT vai anunciar que o dinheiro para financiar os candidatos em 2016 virá de "contribuição financeira de militantes e simpatizantes, trabalho voluntário, enraizamento social e mobilizações coletivas".

Ao final da reunião do diretório nacional devem ser divulgados os dois documentos: a resolução política e a resolução sobre as eleições de 2016. Além disso, o partido deve convocar um encontro extraordinário para novembro.


Endereço da página:

Links no texto: