Folha de S. Paulo


Associação de delegados defende mudança no comando da PF

Luiz Carlos Murauskas/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL, 15-04-2016 11h21: O Secretario estadual da Seguranca Publica alexandre de Moraes, na sede da Gavioes da Fiel comandou a operacao de busca e apreencao e ate dinheiro foi apreendido e falou rapidamente com a Imprensa. ( Foto: Luiz Carlos Murauskas/Folhapress, FSP ESPORTE ) ***RESTRICAO***
O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, quando ainda era Secretário de Segurança Pública de SP

No mesmo dia em que o novo ministro da Justiça e Cidadania, Alexandre de Moraes, afirmou que manterá o diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, a ADPF (Associação de Delegados da Polícia Federal) defendeu mudança no comando da instituição.

A entidade divulgou nesta sexta (13) que organizará uma votação entre os delegados para escolher uma lista tríplice de candidatos que será encaminhada, como sugestão, a Moraes. O resultado do pleito deve ser divulgado no próximo dia 31.

"Daiello já está há muito tempo na função e sua gestão é muito mal avaliada pela classe. Em qualquer órgão público, é importante haver uma renovação", diz a diretora da entidade em São Paulo, Tânia Prado.

Em comunicado, a ADPF defende ainda que os diretores-gerais tenham mandatos de até três anos, com no máximo uma recondução. Daiello está no cargo desde 2010.

Para Prado, uma mudança neste momento não afetaria as investigações em curso.

"As pessoas às vezes acham que o diretor-geral é o cabeça da Lava Jato, mas não, ele é um administrador que dá os meios para que as investigações aconteçam. Ele não atua na Lava Jato", afirma.

Influenciar o processo de escolha do diretor-geral da PF não é uma demanda nova. Em 2014, a ADPF também apresentou, em vão, uma lista tríplice ao então ministro da Justiça José Eduardo Cardozo. Na ocasião, os indicados foram Roberto Troncon, superintendente em São Paulo, Sérgio Fontes, diretor de gestão pessoal, e Sérgio Menezes, superintendente em Minas Gerais.

Veja o comunicado na íntegra:

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Os Delegados de Polícia Federal, representados pela Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), organizarão uma lista tríplice com possíveis nomes para ocupar o cargo de Diretor-Geral da Polícia Federal. O processo se inicia hoje (13) e se encerra no próximo dia 1º de junho, com a entrega dos nomes mais votados ao presidente Michel Temer e ao ministro da Justiça, Alexandre de Moraes.

Hoje serão divulgados o edital, com as regras de participação e o cronograma das atividades da lista tríplice. Para se candidatar à votação, o Delegado Federal deve ocupar a última classe da carreira e estar em atividade. Eles passarão por sabatinas e debates entre os Delegados.

A votação ocorrerá mês de maio e a apresentação dos nomes mais votados ao presidente Michel Temer e ao ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, ocorre ainda este mês.

Para o presidente da ADPF, Carlos Eduardo Miguel Sobral, a indicação do novo Diretor-Geral com base na lista tríplice formada pelos Delegados de Polícia Federal garante a continuidade da operação Lava Jato, o fortalecimento da instituição e afasta a possibilidade de intervenções políticas na atuação da Polícia Federal.

"Com o mandato do Diretor-Geral de três anos, a indicação dos nomes com a lista tríplice e a aprovação da PEC 412/2009, nós teremos a condição de ter uma Polícia Federal cada vez mais republicana, forte, que não protege nem persegue e que atua de forma isenta e imparcial", afirmou o Delegado.

"Os Delegados Federais acreditam que o presidente Michel Temer atenderá o anseio da instituição e designará o DG com base na lista tríplice a ele apresentada, a fim de reafirmar seu compromisso com a Polícia Federal e com a operação Lava Jato", completou Sobral.

A proposta dos Delegados é que o novo Diretor-Geral ocupe o cargo por no máximo três anos, com a possibilidade de apenas uma recondução. Eles afirmam que esse modelo afasta a possibilidade de destituição do cargo a qualquer tempo e fortalece a instituição contra as interferências políticas.

A Diretora de Comunicação da ADPF, Andréa Karine Assunção, afirma que a escolha do Diretor-Geral em lista tríplice, elaborada pelos Delegados de Polícia Federal, torna a indicação do dirigente mais técnica e livre de interferências políticas.

"A lista tríplice será composta por Delegados que possuam carreira sólida e compromisso com a autonomia da instituição e isenção da investigação criminal. Desse modo, a Polícia Federal se tornará cada vez mais republicana e imparcial", afirma a Delegada.

A indicação do DG por lista tríplice é uma das bandeiras de luta dos Delegados Federais para o fortalecimento da instituição, prevista na PEC 412/2009.


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