Folha de S. Paulo


análise

Na hora da troca de governo, 'Jornal Nacional' adota moderação

A começar da escalada de manchetes, o "Jornal Nacional" de quinta (12) procurou se mostrar equilibrado, até respeitoso, em relação a Dilma Rousseff –o que a cobertura por Globo e GloboNews, de manhã, não tinha nem sequer tentado.

Um equilíbrio que já havia começado no dia anterior, quando levou para as manchetes, significativamente, que "o papa Francisco diz que está rezando pela harmonia e pela paz no país".

Mas a atenção maior, com reverência presidencial, foi inevitavelmente para Michel Temer, que "se torna presidente em exercício do Brasil".

Na escalada desta quinta, do discurso de Dilma, William Bonner e Renata Vasconcelos anotaram que ela "repete que é vítima de um golpe e diz que vai lutar até o fim", sem reprodução de suas palavras.

Do discurso de Temer, fizeram um longo relato: "Fala em confiança, em manter e aprimorar os programas sociais, em reequilibrar as contas públicas, em combater o desemprego. Diz que vai promover reformas fundamentais sem mexer nos direitos adquiridos. Defende a Operação Lava Jato e um governo de salvação nacional, contra a crise econômica".

E entrou uma fala dele: "O diálogo é o primeiro passo para enfrentarmos os desafios para avançar e garantir a retomada do crescimento".

Ao longo do telejornal, foi uma edição toda moderada, pouco política, sem maior atenção para Eduardo Cunha e com uma crônica de bom humor artificial, sobre a semana no Congresso. De resto, concentrou-se em números da economia para explicar e embasar a troca no governo.

IMPEACHMENT DE DILMA
A história de um processo que dividiu o país
Michel Temer e Dilma Rousseff em Brasília

Tratou longamente das trajetórias de Dilma, contendo as críticas, e de Temer, evitando mencionar seu início com Adhemar de Barros, mas registrando alguns processos e denúncias –e sublinhando qualidades como a criação da delegacia da mulher.

Nada, porém, de questionar a ausência de mulheres e negros no ministério, diferentemente do que havia feito a comentarista Míriam Leitão pela manhã, afirmando que o novo governo "só tem homem" e "já entra com cara de passado".

A cobertura terminou com a suspensão do inquérito de Aécio Neves pelo ministro Gilmar Mendes –e com a posse deste como presidente do Tribunal Superior Eleitoral, lembrando o "mensalão", de dez anos atrás.


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