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Lewandowski defende que denúncia contra Dilma não inclua Lava Jato

Pedro Ladeira/Folhapress
Presidente do STF, Ricardo Lewandowski, caminha ao lado de Dilma Rousseff em cerimônia em 2015
Presidente do STF, Ricardo Lewandowski, caminha ao lado de Dilma Rousseff em cerimônia em 2015

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski, defendeu nesta quinta-feira (11) que, na nova fase do processo de impeachment, a denúncia contra a presidente Dilma Rousseff por crime de responsabilidade não deve ser ampliada para incluir outras questões, como a Lava Jato.

Segundo o ministro, o ideal é que o Senado preserve a acusação contra a presidente afastada, que leva em conta as chamadas pedaladas fiscais e decretos que ampliaram os gastos federais em R$ 3 bilhões.

Alguns líderes oposicionistas defendem incluir questões do esquema de corrupção da Petrobras nas acusações envolvendo a petista.

"O que está na denúncia é o que foi aprovado agora nessa primeira fase. Deverá, penso eu, se repetir-se na segunda fase, que é a fase do inquérito".

O presidente do STF assume na tarde desta quinta a presidência do processo de impeachment no Senado, como prevê a lei. Ele disse que terá uma atuação discreta, sem protagonismo.

Nessa segunda etapa, quando será feita a instrução do processo, com depoimentos e produção de provas, o ministro atuará como uma instância de recursos.

Ele atuará individualmente no caso e não terá que fazer consultas a outros do STF. Um de seus primeiros atos será notificar Dilma para apresentar defesa.

"Não terei nenhum protagonismo. É simplesmente coordenador do processo, presidente dos trabalhos. A função é garantir que a denúncia possa se explicitar da forma mais clara possível e que a defesa possa exercer o contraditório e garantir então que haja essa possibilidade que a constituição garante", disse.

Segundo o ministro, a denúncia contra Dilma deve ser preservada com a acusação inicial das questões orçamentárias. Alguns líderes oposicionistas defendem incluir questões do esquema de corrupção da Petrobras nas acusações.

"O que está na denúncia é o que foi aprovado agora nessa primeira fase. Deverá, penso eu, se repetir-se na segunda fase, que é a fase do inquérito".

Na terceira etapa, se o Senado entender que a petista será julgada, o presidente do STF preside o julgamento.

SESSÃO RELÂMPAGO

O ministro deve permanecer despachando no STF. O Senado teria reservado uma sala para o ministro eventualmente trabalhar.

Lewandowski não quis comentar a decisão do Senado de afastar Dilma. "Não avalio decisão do Senado. Não me cabe avaliar."

O presidente do STF disse que não vê prejuízos para o comando do Supremo com seu trabalho no impeachment.

"Creio que não, nenhuma, não vejo essa possibilidade de comprometer os trabalhos. Se houver alguma coincidência de horários, aí a ministra Cármen Lúcia assume."

Ele deixa a corte em setembro. O afastamento de Dilma pode durar até novembro.

Um dia após o impeachment, o Supremo realizou uma sessão relâmpago, de cerca de meia hora. Nos bastidores, os ministros evitaram comentar o afastamento de Dilma, mas disseram esperar que o governo Michel Temer consiga tirar o país da crise econômica.


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