"Posso ter cometido erros." Tão logo disse tal frase, em sua fala de despedida no Palácio do Planalto, ex-assessores da agora presidente afastada Dilma Rousseff lembravam que nela reside uma das causas da queda da petista.
Falta à presidente, na avaliação de ex e até de atuais auxiliares, fazer uma autocrítica sobre os erros cometidos ao longo do primeiro e segundo mandatos.
O fato é que, na avaliação de interlocutores, Dilma Rousseff nunca reconheceu realmente que errou. Sempre que é questionada sobre isto, ela costuma dizer que "pode" até ter cometido erros.
Em seguida, busca encontrar outros responsáveis pelas crises politica e econômica que levaram à aprovação de seu afastamento do cargo de presidente. Para Dilma, os culpados sempre são os outros.
Assim fez durante todo seu governo. Manteve a mesma linha até na hora da saída do Palácio do Planalto.
Esta ausência de autocrítica, na visão até do ex-presidente Lula, impediu que a petista fizesse correções de rumo com convicção. Quando as fez, sempre manifestava dúvidas sobre o caminho adotado. Aí, em vez de serem solucionados, os problemas só aumentavam.
Foi assim no ajuste fiscal elaborado pelo seu ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy. Ela nunca deu respaldo total a seu ex-comandante da equipe econômica. Ficava dividida entre ele e Nelson Barbosa exatamente por não avaliar que errou na condução de sua política fiscal.
Resultado: o país vai registrar, neste ano, o terceiro deficit consecutivo nas contas públicas, o que ajudou a levar o país a mergulhar numa das piores recessão de sua história, fornecendo farta munição para os articuladores da queda da petista.