Folha de S. Paulo


PP decide pressionar Maranhão para que renuncie ao comando da Câmara

Alan Marques/Folhapress
Waldir Maranhao (PP-MA) presidente interino da Câmara dos Deputados
Waldir Maranhao (PP-MA) presidente interino da Câmara dos Deputados

Após uma reunião de mais de duas horas nesta terça-feira (10), a bancada do PP (Partido Progressista) na Câmara dos Deputados, que tem 47 parlamentares, decidiu pressionar o presidente interino da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA), a renunciar ao cargo de vice-presidente e ao comando da Casa.

O líder da bancada do partido, Aguinaldo Ribeiro (PI), ex-ministro no governo Dilma Rousseff entre 2012 e 2014, disse que vai procurar Maranhão para lhe comunicar pessoalmente a decisão e pedir que ele faça "uma saída negociada".

O plano pepista inclui, em troca da saída de Maranhão do comando da Casa, um tratamento menos duro em um eventual processo no Conselho de Ética do partido. Parte dos parlamentares quer a expulsão de Maranhão da sigla.

Mas o deputado Júlio Lopes (SP) antecipou-se e foi ao encontro de Maranhão por volta das 13h de hoje na sala da primeira vice-presidência da Casa. Após o encontro, Lopes disse aos jornalistas que pediu a Maranhão que renuncie ao cargo, o que abriria uma possibilidade, segundo o deputado, de que outro nome do PP seja indicado à vice-presidência.

Para Lopes, o recuo de Maranhão anunciado no início da madrugada, quando ele revogou o ato de anulação do impeachment, não mudou a situação do parlamentar dentro e fora do partido. "Ele não tem nenhuma condição de comandar nenhuma reunião na Casa, no plenário nem no colégio de líderes", disse Lopes.

Às 13h30min, ao deixar a sala, Maranhão foi cercado por dezenas de jornalistas no corredor mas se recusou a responder à perguntas se estaria disposto a renunciar ao cargo.

O conselho para que Maranhão deixe o cargo em troca de não sofrer punições mais graves também foi definido em reunião entre líderes do PMDB, partidos do "centrão" e da oposição ao governo Dilma Rousseff. O deputado Leonardo Picciani, líder do PMDB, já aprovou uma minuta de projeto de resolução para afastar Maranhão do cargo, e que poderia ser votado ainda nesta semana, caso o pepista rejeite a renúncia.

Não há previsão regimental para um projeto nesse sentido, mas os líderes partidários estariam dispostos a aprová-lo assim mesmo.

PROCESSO ÉTICO

Outra decisão tomada pela bancada do PP na reunião desta terça-feira foi indicar à executiva nacional do partido a abertura de um processo ético contra Maranhão e outros sete deputados que se negaram a seguir a orientação partidária e votaram, em 17 de abril, contra o impeachment de Dilma.

Para Aguinaldo Ribeiro, o ato de Maranhão de anulação do impeachment "agravou" a decisão que já havia afrontado a recomendação partidária sobre o voto no impeachment.

O presidente nacional do PP, o senador Ciro Nogueira (PI), também apareceu na reunião da bancada de deputados na Câmara e disse à Folha, ao final do encontro, que "o líder vai comunicar ao Maranhão a necessidade de ele sair do cargo".


Endereço da página:

Links no texto: