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'O que vale é a luta, e sabemos lutar', diz Dilma em cerimônia olímpica

Pedro Ladeira/Folhapress
Ao lado de Fabiana, bicampeã olímpica de vôlei, e de Carlos Arthur Nuzman, presidente Dilma acende a tocha olímpica na rampa do Planalto
Ao lado de Fabiana, do vôlei, e de Carlos Arthur Nuzman, Dilma acende a tocha olímpica

Às vésperas da votação da admissibilidade do impeachment no plenário do Senado, a presidente Dilma Rousseff avaliou nesta terça-feira (3) que mesmo que o país atravesse um momento verdadeiramente crítico na história da democracia, conseguirá promover com êxito os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

Em cerimônia de recebimento do fogo olímpico, a petista disse que a sociedade brasileira deve se esforçar para não perder o espírito de tolerância e convívio com opiniões diferentes e terminou o seu discurso passando um recado: "O que vale é a luta e nós sabemos lutar".

"Sabemos as dificuldades políticas que existem em nosso país hoje e conhecemos a instabilidade política. O Brasil será capaz de, mesmo com um período difícil e verdadeiramente crítico da nossa história e da democracia, conviver", afirmou. "Tenho certeza que no país, cujo povo sabe lutar pelos seus direitos e sabe proteger sua democracia, os Jogos Olímpicos terão o maior sucesso", acrescentou.

Em discurso, a presidente defendeu que o espírito olímpico de união e amizade ultrapasse a fronteira do esporte e defendeu que o evento mundial é um congraçamento e chamamento para a paz. Segundo ela, o país está preparado para atender "as mais elevadas expectativas durante os Jogos Olímpicos".

"O Brasil está pronto para realizar a mais bem sucedida edição dos Jogos Olímpicos. Está pronto e nós trabalhamos para isso", ressaltou.

A petista afirmou ainda que o país estará " plenamente preparado" para assegurar a proteção às autoridades, esportistas e turistas. Segundo ela, o Brasil investiu em operações de inteligência e contou com compartilhamento de informações em nível internacional, inclusive em relação a grupos terroristas.

'NÃO VAI TER GOLPE'

Como tem sido frequente em cerimônias no Palácio do Planalto desde o avanço do processo de impeachment, parte da plateia convidada aproveitou pelo menos três momentos do evento para entoar gritos de "não vai ter golpe" e "Dilma, guerreira, da pátria brasileira".

A lanterna com a tocha olímpica chegou pela entrada leste do Palácio, nas mãos do presidente do comitê organizador dos jogos Rio 2016, Carlos Nuzman.

Ele foi recebido pela presidente Dilma Rousseff e pelo ministro Ricardo Leyser (Esporte), que o acompanharam até o hall principal da sede administrativa da Presidência da República para a cerimônia de recebimento do fogo olímpico.

Em discurso, Nuzman afirmou que os Jogos Olímpicos deste ano serão os mais "inclusivos" e "conciliadores" da história. Ele lembrou que, pela primeira vez em 120 anos, a tocha olímpica visitou a sede da ONU (Organização das Nações Unidas) e que haverá, na abertura do evento esportivo, uma delegação de refugiados.

"Nós abrimos uma nova fronteira no mundo olímpico ao realizar os Jogos Olímpicos pela primeira vez na América do Sul. O Rio de Janeiro está pronto para entrar para a história", disse. "A chama traz um sentimento de união, paz e inclusão, promovendo trégua e unindo o país em torno dos Jogos Olímpicos", acrescentou.

O ministro do Esporte defendeu que a Olimpíada é o "apogeu da história esportiva brasileira" e disse não ter dúvidas de que, para a área esportiva, a petista foi a "melhor presidente da história".

"Nunca tivemos como os investimentos e a seriedade com o esporte como agora. Continue sempre com o esporte, presidenta", disse.

OLIMPÍADA

"Nuzman habla español. Yo, portunhol. Então vou falar em português para não prejudicar a língua espanhol". A presidente Dilma tentou fazer graça no início de seu rápido e morno discurso durante a cerimônia da união das Américas por ocasião da chegada da chama olímpica Rio 2016, nesta terça-feira (3) em Brasília.

Visivelmente cansada e em seu terceiro evento do dia –o segundo com tema olímpico–, Dilma afirmou que "temos um imenso orgulho" dos Jogos Olímpicos "se darem nas Américas, no Brasil" e que "iremos transformar a Olimpíada em um fenômeno coletivo".

Dilma disse também que o Brasil receberá a todos "com grande afeto e carinho e com a grande capacidade de acolhimento do povo brasileiro".

Ao final de apenas sete minutos de discurso, a presidente participou do acendimento da pira olímpica, no QG do Exército, ao lado de autoridades como o presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), Carlos Arthur Nuzman.


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