Folha de S. Paulo


Centrais sindicais pró e contra Dilma vão às ruas no 1º de Maio

Marlene Bergamo - 1º.mai.2015/Folhapress
Ato do 1º de Maio de centrais sindicais, em 2015
Ato do 1º de Maio de centrais sindicais, em 2015

Às vésperas da votação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff no Senado, as principais centrais sindicais do país vão medir forças e marcar lados antagônicos nos atos convocados por ocasião do Dia do Trabalho, neste domingo (1º).

De um lado, sindicatos e trabalhadores contra o impeachment da presidente esperam 100 mil pessoas no ato no Vale do Anhangabaú, região central de São Paulo.

Dilma e o ex-presidente Lula já confirmaram presença. Ele deve falar às 13h, e ela, às 14h, segundo a CUT (Central Única dos Trabalhadores), organizadora do evento. Outras lideranças petistas, como o prefeito Fernando Haddad, também foram convidadas.

Dilma pediu aos subordinados, ao longo da semana, um "pacote de bondades" para anunciar no 1º de Maio. Entre elas, a presidente divulgará reajustes de 5% na tabela do Imposto de Renda na Fonte, que não foi corrigida neste ano, e aumento entre 6% e 9,5% na média nos benefícios do Bolsa Família.

A petista tomou a decisão na sexta (29), mesmo frente a resistências da equipe econômica, que avaliava não haver margem para novos gastos.

Diante da possibilidade de ser afastada, Dilma quer acenar às bases sociais e contrapôr o vice-presidente Michel Temer, que mira um pente-fino em programas sociais.

"Queremos atingir o maior número de pessoas possível para denunciar o golpe", afirma o secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre, que diz acreditar que a aglomeração pode influenciar o voto de senadores contra a admissibilidade da deposição. A votação deve ocorrer no dia 11 de maio.

O evento da CUT começa às 10h. À tarde, haverá shows de artistas que já se posicionaram anti-impeachment, como Beth Carvalho, Martinho da Vila e Chico César.

FORÇA SINDICAL

No lado oposto do espectro político, a Força Sindical organiza manifestações na zona norte de São Paulo, com presença confirmada de deputados federais que fizeram campanha pelo impeachment, como Carlos Sampaio (PSDB-SP), André Moura (PSC-SE), Major Olímpio (SD-SP) e Rodrigo Maia (DEM-RJ).

O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que em 2015 participaram das festas de 1º de Maio da Força Sindical, neste ano não devem comparecer.

"Em vez de chamar estrelas, preferimos dar preferência a nomes que brilharam na condução do processo de impeachment", justifica o presidente da central e deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, um dos principais articuladores do impeachment de Dilma na Câmara, e aliado de primeira hora de Eduardo Cunha.

Também foram convidados a senadora Marta Suplicy (PMDB-SP), o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito Fernando Haddad –que não deve comparecer.

"Vai ser um contraponto com o 1º de Maio do PT. E é uma oportunidade para explicar um pouco para as pessoas que vão estar lá como foi o processo de impeachment e como vai ser o futuro, como a gente imagina que o governo Temer pode conduzir a economia", diz Paulinho.

O evento começa às 7h, com apresentação de cantores sertanejos. Os principais artistas, como Gusttavo Lima, Michel Teló, Paula Fernandes e Eduardo Costa, se apresentam após as 9h. O ato político está previsto para as 11h.

Já a avenida Paulista terá manifestação da CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular). O protesto acontece a partir das 9h, no vão do Masp, e tem na pauta mobilizações tanto contra a presidente Dilma, quanto contra peemedebistas e tucanos. A central sindical se diz "independente dos patrões e do governo".

Na mesma avenida, haverá comemoração da UGT (União Geral dos Trabalhadores), com apresentação da escola de samba Nenê da Vila Matilde a partir das 10h. A via, como acontece sempre aos domingos, estará fechada para carros e livre para a circulação de pedestres.


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