Folha de S. Paulo


Ex-presidente da Eletronuclear nega ter recebido propina por Angra 3

Vanderlei Almeida - 14.abr.2011/AFP
(FILE) Aerial picture of the Angra 3 nuclear plant under construction in Angra dos Reis, south of Rio de Janeiro, Brazil, on April 14, 2011. The president of the nuclear power company Eletronuclear, subsidiary of Brazilian state-run power group Eletrobras, Othon Luiz Pinheiro da Silva, and the president of AG Energy at Andrade Gutierrez, Flavio David Barra, were arrested on July 28, 2015 in a wide corruption probe, after judge Sergio Moro ordered them to be remanded in custody. Pinhero da Silva is suspected of taking more than a million US dollars in bribes from construction companies during the tender for the construction of the Angra 3 Nuclear Power Plant. AFP PHOTO / VANDERLEI ALMEIDA ORG XMIT: VAN701
Imagem aérea da usina nuclear Angra 3, em Angra dos Reis (RJ)

O ex-presidente da Eletronuclear Othon Pinheiro da Silva negou ter recebido propina da empreiteira Andrade Gutierrez pelas obras da usina nuclear de Angra 3. De acordo com o MPF (Ministério Público Federal), Pinheiro Silva é acusado de corrupção ativa por aceitar R$ 3 milhões pela obra.

O ex-presidente da Eletronuclear negou a propina em depoimento prestado na tarde desta sexta (29) na 7a Vara Federal Criminal, no Rio. Mas o confirmou ter recebido pagamento da empreiteira.

Segundo Pinheiro Silva este dinheiro foi por uma consultoria feita para a Andrade Gutierrez entre março e dezembro de 2004. Em março de 2005, Othon Pinheiro da Silva assumiu a presidência da Eletronuclear.

Pinheiro da Silva disse que o contrato do projeto era baseado no sucesso. Se fosse colocado em pratica, ele receberia pela consultoria. Para o MPF, a nomeação para o cargo foi por indicação da empreiteira.

Nenhum documento foi assinado entre Pinheiro Silva e a Andrade Gutierrez.

"Se as ideias dessem certo eu receberia pelo sucesso do trabalho. Isso não é ser lobista. No mercado de trabalho de São Paulo existe isso. É comum não assinar papel, disse o ex-presidente da Eletronuclear.

De acordo com depoimentos na Justiça Federal de ex-diretores da Andrade Gutierrez, Othon Pinheiro da Silva recebeu, através da sua empresa, a Aratec, os R$ 3 milhões em parcelas de R$ 20 mil a R$ 30 mil. Os pagamentos aconteceram no período em que ele já estava na presidência da Eletronuclear.

"Não considerava ilícito mas achava desconfortável. Eu não achava que fazia algo de errado. Eu não vendi a minha cadeira. Se fosse hoje, não faria", afirmou.

O MPF considera que houve conflito de interesse já que o almirante, como é conhecido, elaborou um projeto em que ele só receberia se fosse colocado em pratica. A sua presença na presidência possibilitou isso.

Pinheiro Silva negou que a sua indicação ao cargo tenha sido feita por intermediação da Andrade Gutierrez. Ele negou ainda que tenha distribuído a empreiteira uma lista com nomes de diretores da companhia para receberem mesadas da empresa.

A empreiteira Andrade Gutierrez não vai comentar o caso.


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