Folha de S. Paulo


Sanção ao Brasil por impeachment não é certa, diz chanceler argentina

Mark Lennihan - 22.abr.2016/Associated Press
Dilma Rousseff discursa em conferência da ONU, em, Nova York
Dilma Rousseff discursa em conferência da ONU, em, Nova York

A ministra de relações exteriores da Argentina, Susana Malcorra, afirmou nesta quinta-feira (28) que ainda não há uma definição do Mercosul e da Unasul em relação à possibilidade de aplicar sanções ao Brasil por causa do processo de impeachment.

"Temos que ver, conforme a situação avança, se a aplicação da cláusula democrática é ou não factível. Discutimos [na reunião da Unasul no último sábado, 23] o assunto do ponto de vista legal e político. Ainda não há nada definido", disse.

"O que está definido é que, no momento em que for necessário, convocaremos uma reunião sobre o assunto", acrescentou.

Na semana passada, após discursar na ONU, a presidente Dilma Rousseff afirmou, em entrevista coletiva concedida em Nova York, que este era o momento de invocar a cláusula: "Está em curso no Brasil um golpe. Então eu gostaria que o Mercosul e a Unasul olhassem esse processo. A cláusula democrática implica uma avaliação da questão".

Em 2012, o Mercosul suspendeu o Paraguai após o então presidente, Fernando Lugo, sofrer um impeachment em menos de 24 horas. O processo que derrubou o dirigente foi considerado constitucional, mas questionado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanas e pelo bloco. O país foi reintegrado ao grupo no ano seguinte.

LIDERANÇA

Para Malcorra, é inadmissível que se pense que a Argentina poderá se beneficiar com a crise, ganhando um papel maior de liderança na região. "Nós precisamos de um Brasil forte e sólido constitucionalmente. Se não for assim, o país deixa de ser confiável."

A chanceler preferiu não falar sobre uma possível relação entre o vice-presidente brasileiro, Michel Temer, e o mandatário argentino, Mauricio Macri, mas destacou que seu governo está "profundamente" envolvido no assunto do impeachment.

A administração argentina, de acordo com a chanceler, já procura modos de integrar sua cadeia produtiva com a de outros países, substituindo o Brasil enquanto esse sofre com a queda de demanda.


Endereço da página:

Links no texto: