O advogado Rogério Auad Palermo, cunhado do presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Fernando Capez (PSDB), fez ameaças a um repórter da revista "Carta Capital" que cobre o caso da máfia da merenda, no qual o deputado é investigado, segundo a publicação.
Nesta quarta-feira (27), a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) divulgou uma nota em que critica a atitude de Palermo. "Seu objetivo não parece ser buscar reparação ou contestar qualquer informação da reportagem, mas intimidar o profissional e, pela força, censurar a revista 'Carta Capital'", afirma a nota.
De acordo com a revista, as intimidações ao repórter Henrique Beirangê começaram após a publicação de uma reportagem sobre a abertura de mais de 20 empresas por familiares de Capez.
Em um e-mail, segundo a revista, Palermo escreveu: "'Eu fiz 25 anos de karatê e sempre apliquei isto na minha vida. Olha dá certo. Derrubava caras de 120 kilos praticamente com olhar!!'"
Posteriormente, em mensagem por celular, ainda de acordo com a revista, Palermo escreveu que precisava conversar com o repórter, e concluiu o texto com o número do prédio e do apartamento onde o jornalista mora.
A revista afirmou que o repórter registrou um boletim de ocorrência de ameaça.
Palermo já foi chefe de gabinete de Capez na Assembleia e hoje administra um instituto de ciência jurídica de propriedade do cunhado –que, além de deputado, é promotor de Justiça.
OUTRO LADO
Em nota, a assessoria de Capez afirmou que o deputado não responde por atos de terceiros e dos quais não tem conhecimento. Disse ainda que não houve ameaça ao jornalista e que é vítima de reportagens falsas com motivação política e eleitoral.
A Folha não localizou o advogado Rogério Palermo.
Leia trechos da nota de Capez:
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"O deputado não responde por atos de terceiros e dos quais não tem conhecimento. Aparentemente não existiu qualquer ameaça, mas nova distorção dos fatos, do mesmo modo que as reportagens falsas e dirigidas política e eleitoralmente contra o mesmo. A tentativa clara de atingir parentes com mentiras e distorções deve ser repudiada no foro correto, que é a Justiça, muito embora seja claro que não houve qualquer ameaça ao repórter.
Toda essa confusão serve para criar uma cortina de fumaça para manter o tema no cenário político e suprir a falta de elementos concretos que liguem o deputado e seus 30 anos de vida pública ilibada a um escândalo tão absurdamente vinculado a ele."