Folha de S. Paulo


Prioridades de Temer são trazer 'PSDB inteiro' e 'começar a reempregar'

Assumindo a Presidência, Michel Temer (PMDB-SP) quer, na política, trazer o "PSDB inteiro" para seu futuro governo e, na economia, "começar a reempregar" no curto prazo. Ele admite fazer "cortes radicais" no Orçamento para tentar evitar a criação de novos tributos.

Os detalhes ainda não estão definidos e vão depender do que será acertado com seu futuro ministro da Fazenda. O peemedebista não esconde sua preferência pelo ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles.

"Ele é de fato o mais cotado", afirmou, acrescentando que não fez convite oficial.

O peemedebista diz que vai aguardar uma decisão do Senado sobre o impeachment de Dilma Rousseff para "não avançar o sinal" na montagem do novo governo, mas ressalta que não pode ficar esperando parado.

Acusado por Dilma de patrocinar um golpe contra seu mandato, diz que vai mudar o estilo de gerência se assumir o Planalto. "Quero dar uma autonomia aos ministérios."

Além de Meirelles, presidente do BC nos dois mandatos de Lula, Temer tem confidenciado que o senador José Serra (PSDB-SP) também será seu ministro, provavelmente na área social.

"Quero trazer o Serra, mas quero também trazer o PSDB por inteiro", revelou a amigos. Na noite deste terça, após encontro com tucanos, ele disse que vai discutir de maneira institucional a participação do partido em um eventual governo.

O presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), afirmou que a direção do partido "não deve se opor" ao ingresso de tucanos à gestão. Ressaltou, no entanto, que condicionará o apoio à adesão do vice a uma agenda com propostas como o apoio incondicional à Operação Lava Jato e uma reforma tributária que simplifique o sistema de arrecadação.

Outra tucana cotada para integrar a equipe é a deputada Mara Gabrilli (SP), que se encontrou com Temer nesta terça (26). Mara lidera as apostas para ocupar a Secretaria de Direitos Humanos, que congregaria ações direcionadas às mulheres, negros e deficientes.

A romaria de políticos para se encontrar com o vice ao longo do dia incluiu ainda vários senadores como Marta Suplicy (PMDB-SP) e Fernando Collor de Mello (PTC-AL).

Na lista de ministros certos figuram ainda Eliseu Padilha (Casa Civil), Geddel Vieira Lima (articulação política) e Henrique Eduardo Alves (Turismo e Esportes). O PP deve comandar as pastas da Saúde e Integração Nacional. O senador Romero Jucá (PMDB-RR) pode chefiar o Planejamento.

ECONOMIA

Temer tem dito que, na economia, sua maior preocupação é com o desemprego. "É preciso ter uma política econômica que, daqui seis a oito meses, comece a gerar emprego, é preciso começar a reempregar", afirma.

O vice também disse que vai buscar medidas para afastar a recriação da CPMF. Se for possível, diz ele, "seria uma boa notícia". Indagado por interlocutores como fazer isto, diante da queda de receita, diz que recebeu um estudo de economistas apresentado pela Fiesp mostrando que é possível se forem feitos "cortes radicais".

Ele exemplificou que, num primeiro momento, poderia cortar 60% dos investimentos, mantendo apenas as obras em andamento, o que daria uma economia de R$ 31 bilhões, reduzindo o deficit esperado para 2016, previsto em quase R$ 100 bilhões.


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