Folha de S. Paulo


À CNN Temer nega golpe e diz que fará 'reconciliação nacional'

Reprodução/CNN
CNN's Shasta Darlington interviews Brazilian Vice President Michel Temer about turmoil in Brazil and the possible impeachment of President Dilma Rousseff.
Vice-presidente Michel Temer dá entrevista ao canal americano 'CNN', nesta segunda-feira (25)

Em entrevista ao canal americano CNN, o vice-presidente Michel Temer (PMDB) negou novamente que haja um golpe em curso no Brasil e afirmou que montará um gabinete para "assegurar a governabilidade".

À correspondente Shasta Darlington o peemedebista afirmou que, ao contrário da impressão no exterior —e das afirmações da presidente Dilma Rousseff, "não há golpe neste país" ou "nenhuma tentativa de violação do texto constitucional".

"Que conspiração eu estou liderando? Eu tenho o poder de convencer 367 membros do Congresso?", disse. "Eu acho que a presidente está errada nesse ponto também."

Segundo a repórter, "Temer ou quem quer que seja" que assumisse o comando do governo brasileiro ainda assim enfrentaria uma série de problemas, como a recessão e a epidemia de zika, a poucos meses da Olimpíada, em agosto. Ela afirmou ainda que "não há solução rápida" para os problemas do país.

A CNN destacou também as pesquisas que mostram que parte dos brasileiros quer o impeachment não só de Dilma, como do próprio vice —58%, segundo pesquisa Datafolha de abril de 2016. "Em primeiro lugar eu quero ganhar a confiança do povo brasileiro", afirmou Temer, para quem há uma "tentativa de desmoralizar o vice-presidente" em curso.

O vice disse ao canal americano que a única saída para a crise brasileira seria um governo que unificasse todos os partidos, "inclusive os da oposição". Segundo ele, seu governo seria um de "reconciliação nacional", que traria as "forças políticas" do país para seu gabinete para "assegurar a governabilidade" —e assim, diz, ajudar a economia a se recuperar e "colocar o país de volta nos trilhos".

Às preocupações expressadas pela jornalista a respeito da Olimpíada, em agosto, Temer afirmou que os "jogos estão sendo muito bem organizados", e que serão um sucesso. "Quanto à zika, é preocupante, mas já está sendo controlado."

MÍDIA ESTRANGEIRA

A conversa foi realizada no Palácio do Jaburu, em Brasília. Na semana passada, o vice concedeu na capital paulista entrevistas para os jornais "The New York Times", "The Wall Street Journal" e "Financial Times".

Em todas, rebateu a tese de que o eventual afastamento da presidente, caso em que assumiria o governo, representa uma ruptura da ordem institucional do país.

Ao "The New York Times", ele afirmou ainda que não quer parecer que esteja conspirando para tomar o poder.

A entrevista ocorreu dias depois da jornalista americana Cristiane Amanpour, âncora de um programa na mesma emissora, ter anunciado que virá ao Brasil para uma entrevista com a presidente Dilma Rousseff, que deve ser feita na quarta (27) e exibida na sexta, às 15h.


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