Folha de S. Paulo


Deputados estão abandonando 'barco do golpe', dizem petistas

Demonstrando otimismo com o placar apertado que, segundo levantamento da Folha, na noite de sexta (15) já não assegurava mais os 342 votos necessários para o impeachment, o deputado petista Wadih Damous (RJ) disse que parlamentares estão "abandonando o barco do golpe" e que os "coxinhas se entocaram em casa".

Segundo Damous, o apoio nas ruas ao afastamento da presidente Dilma Rousseff "caiu verticalmente".

"É só andar nas ruas que se vê isso. Os chamados coxinhas se entocaram em casa, não vêm mais às ruas. O que você vê nas ruas são as manifestações contra o golpe", disse o deputado na Câmara na manhã deste sábado.

O petista disse ainda que "tudo isso está repercutindo" entre os parlamentares, que "estão começando a pensar melhor".

"Esse sentimento tocou vários deputados, que estão abandonando o barco do golpe", afirmou. "Quem se diz a favor do combate à corrupção e quer o impeachment da presidente por conta disso está pensando melhor se vai apoiar uma chapa Michel Temer-Eduardo Cunha. Isso não é chapa que se apresente como algo que vá combater a corrupção."

Os governistas têm associado a imagem do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) à de um eventual governo do também peemedebista Temer.

Na tribuna do plenário, o petista Paulo Pimenta (RS) destacou que "pela proposta golpista, Cunha passará a ser o primeiro da linha sucessória". "Toda vez que Temer tiver que se afastar do país, Cunha assumirá", afirmou.

'VIRA-VIROU'

Pimenta disse que o Brasil amanheceu "com um verso que embala corações e mentes de defensores da democracia: a ideia do vira-virou".

"Mas se por um lado estamos felizes com as notícias [sobre o placar], temos a convicção de que não se trata de uma virada, porque, na verdade, a oposição nunca teve os votos necessários para aprovar nesta casa sua proposta de golpe", afirmou.

Os deputados contrários ao afastamento começaram a chegar cedo à Câmara neste sábado e se dizem empenhados em, no corpo-a-corpo nos corredores do Congresso e em reuniões informais, conquistar indecisos e reverter votos que já se posicionaram a favor.

"Ontem houve um trabalho muito intenso dos governadores, houve declarações de alguns parlamentares que estavam a favor do impeachment e se posicionaram contrariamente, como o vice-presidente da Câmara, o deputado Waldir Maranhão (PP-MA). Houve também crescimento daqueles que vão se abster e que estavam até então apoiando o processo de impeachment", disse Damous.

"Eu atribuo isso não só à atividade dos governadores, do presidente Lula ou à nossa, dialogando com os deputados. Já se verifica na sociedade uma conscientização de que esse impeachment seria uma aventura, um salto no escuro", completou o petista.


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