Folha de S. Paulo


Grupo 'Nem Dilma nem Cunha' busca discurso que tira votos pró-impeachment

Um grupo de deputados anti-governo ainda busca neste sábado (16) um discurso para votar pela abstenção ou contra o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, apesar da posição de seus partidos a favor do afastamento dela.

O objetivo deles seria não legitimar o processo conduzido pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), réu no STF (Supremo Tribunal Federal) sob acusação de recebimento de propina do esquema de desvios da Petrobras.

Por enquanto, porém, nenhuma decisão foi tomada pelo grupo, ligado a PSB, Rede, PSD, entre outros, e apelidado de "Nem Dilma nem Cunha". O caminho a ser tomado pode ser influenciado pela ofensiva do governo, contra o impeachment, e do vice Michel Temer, a favor, que retornou a Brasília para impedir a perda de votos. As negociações devem se prolongar até este domingo (17), dia da votação em plenário.

A abstenção prejudicaria o movimento pelo afastamento de Dilma, que precisa chegar ao mínimo de 342 votos (dois terços da Casa) para abrir o processo que pode levar à saída dela e à posse de Temer na presidência.

Neste sábado, esse grupo somava seis, sete deputados, podendo chegar, na conta deles, a 15, ou, sendo um pouco otimista, a 20. O cenário, até agora, é incerto.

O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) participa das discussões. "Minha tendência é seguir o meu partido, mas essa tese da falta de legitimidade do Cunha é forte", afirmou.

Estariam na mesma situação, por exemplo, os deputados João Derly (Rede-RS) e José Reinaldo (PSB-MA). O PSB orientou o voto pelo impeachment, mas sem punir dissidentes. A Rede, da ex-senadora Marina Silva, também se manifestou a favor, mas sem obrigar seus quatro deputados a seguirem esse caminho.

O movimento de José Reinaldo contra o processo seria um contraponto à articulação da família Sarney, adversária política dele no Maranhão, pelo afastamento de Dilma do Palácio do Planalto.

*Na sexta (15), houve um trabalho muito intenso dos governadores, resultando declarações de alguns parlamentares que estavam a favor do impeachment e se posicionaram contrariamente, como o vice-presidente da Câmara, o deputado Waldir Maranhão (PP-MA).

*"Os deputados estão começando a pensar melhor. Quem se diz a favor do combate à corrupção e quer o impeachment da presidente por conta disso está pensando melhor se vai apoiar uma chapa Michel Temer-Eduardo Cunha. Isso não é chapa que se apresente como algo que vá combater a corrupção", disse o deputado Wadih Damous (PT-RS).


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