Folha de S. Paulo


Deputados tentam acelerar discussão para não impedir votação no domingo

Após mais de 15 horas de discussão ininterrupta na Câmara dos Deputados do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, os deputados a favor da saída da petista começaram a se organizar informalmente para reduzir o tempo de exposição dos 12 partidos que ainda irão se posicionar e dos discursos dos líderes partidários.

A intenção é economizar tempo para não inviabilizar a votação do processo no domingo (17). Pelo cronograma, ela deveria acontecer a partir das 16h, o que garantiria ampla divulgação nos meios de comunicação, inclusive com a transmissão ao vivo de todo o processo em diversos canais de televisão.

Segundo os parlamentares, se o ritmo das discussões continuar como aconteceu ao longo desta sexta (15), a primeira fase de discussão, na qual cada partido tem uma hora para se expressar, terminaria apenas por volta das 5h de domingo.

Em seguida, começaria a fase de discursos individuais, em que cada parlamentar tem 3 minutos para falar. Dos 513 deputados, 249 se inscreveram em duas listas: 170 na dos favoráveis ao afastamento da presidente e 79 na lista contrária ao impedimento.

De acordo com o relator do impeachment na comissão especial, Jovair Arantes (PTB-GO), se todos falarem, a votação do processo só começaria na madrugada de segunda (18). Ele é o principal articulador do acordo informal. O deputado tem pedido a partidos pró-impeachment que abram mão de 20 minutos do tempo de que dispõem para falar.

No início da madrugada, ele pedia e controlava o tempo de cada um que subia à tribuna. Na volta, deputados lhe relatavam quantos minutos conseguiram economizar e recebiam de volta um agradecimento do petebista.

Apesar do empenho dos deputados em acelerar as discussões, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), garantiu que a votação do impeachment acontecerá no domingo. De acordo com ele, uma das alternativas será encerrar a fase de discussão individual ainda que nem todos tenham falado.

Responsável por comandar o processo na Casa, o peemedebista deixou a Câmara por volta de meia-noite. Ao sair, disse aos jornalistas que "organizou a madrugada".

"Volto amanhã cedo, mas vou ficar controlando e descansar um pouco. Estou de plantão. Qualquer emergência, eu volto", disse ao sair.


Endereço da página:

Links no texto: