Folha de S. Paulo


Executivos da Gutierrez confirmam propina a políticos do PT e do PMDB

Em depoimento, nesta sexta (15), na 7ª Vara Criminal Federal, no Rio, o ex-presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo, e o presidente da área de energia da companhia, Flávio David Barra disseram que a empresa pagou propina a políticos para viabilizar as obras da usina nuclear de Angra 3 e da usina hidrelétrica de Belo Monte.

Nas declarações foram citados o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto e o ex-ministro de Minas e Energia, Edson Lobão (PMDB).

Os depoimentos confirmam o acordo de delação fechado pelos dois executivos no STF (Supremo Tribunal Federal). A Folha não encontrou os advogados de Vaccari Neto e de Edson Lobão. Questionados, anteriormente, sobre o tema, eles negaram as acusações.

"Tive conversas com Vaccari sobre Belo Monte, envolvendo o pagamento de comissão. Já o ministro Lobão indicou advogado do Maranhão, a quem fizemos alguns pagamentos em espécie no caso de Angra 3. Para Belo Monte nos foi indicado o filho do ministro Márcio", disse Flávio Barra ao juiz Marcelo Brêtas, na 7ª Vara Federal Criminal.

Em seu depoimento, Otávio Azevedo disse que, durante uma reunião em São Paulo, em 2008, com o então tesoureiro do PT, Paulo Ferreira e com João Vaccari Neto, ouviu a proposta de que deveria fazer doações ao partido. O valor deveria ser de 1% de todos da Andrade Gutierrez com o governo federal.

"Fizemos os pagamentos até em anos em que não houve eleição. A partir de 2010, João Vaccari assumiu a tesouraria e as cobranças. Até 2010, foram pagos cerca de R$ 40 milhões", disse Otávio Azevedo.

Flávio Barra e Otávio Azevedo respondem os processos em liberdade.

Otávio Azevedo foi preso, inicialmente, na 14ª fase da Lava Jato, em junho de 2015. A sua prisão foi revogada em 5 de fevereiro deste ano. A sua delação foi homologada este mês pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Já Flávio Barra foi preso na 16ª fase da Lava Jato, em julho de 2015, na operação Radioatividade.


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