Folha de S. Paulo


Planalto defende renúncia de Temer caso governo barre impeachment

O ministro-chefe do Gabinete da Presidência da República, Jaques Wagner, defendeu nesta segunda-feira (11) que Michel Temer renuncie ao cargo de vice-presidente caso o governo consiga barrar o pedido de impeachment no plenário da Câmara.

Segundo Wagner, o vazamento de um áudio em que Temer discursa como se o impedimento de Dilma já tivesse sido aprovado é uma "atitude deplorável", que "macula a história" do vice e o coloca "no papel de patrocinador e maior beneficiário desse golpe dissimulado".

"Depois de assumir a conspiração, o mínimo de coerência com o que ele fez é, uma vez derrotada a conspiração, ele renuncie, porque vai ficar um clima insustentável, insuportável", disse Wagner em entrevista coletiva no Palácio do Planalto.

O ministro disse ainda que, caso o governo vença a votação no plenário da Câmara, Temer ficará "sem saída" e ironizou o discurso do vice.

"Imagino que ele possa ter feito aquela declaração vestido com a faixa presidencial na frente do espelho", disse Wagner.

Braço direito da presidente Dilma, o ministro levantou dúvidas sobre o vazamento do áudio de Temer ter sido por engano, como justificou o vice, e alegou que o episódio pode significar um "tiro de misericórdia no impeachment".

"A nota triste do dia foi o vazamento de uma pretensa fala do vice-presidente da República [...] ele assume o papel de patrocinador e maior beneficiário desse golpe dissimulado", declarou.

Ele disse ainda que esperava de Temer no mínimo a grandeza ou a inteligência do ex-vice-presidente Itamar Franco, que "esperou, como Temer deveria ter esperado, a consequência do impeachment".

"Não há educação para conspiradores. Eu acho que os conspiradores não têm nenhum código de ética", disse.


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