Folha de S. Paulo


Grupos iniciam série de protestos anti-impeachment em Brasília

Manifestantes acampados em Brasília iniciam nesta segunda (11) a onda de protestos contra o impeachment, que devem se seguir até domingo (17). Todos os dias, com exceção de terça (12), os manifestantes pró-governo farão uma caminhada em direção ao Congresso.

Um grupo de aproximadamente 300 pessoas estão acampadas no Centro de Convenções Nilson Nelson, cerca de 4 km do Congresso.

As demandas dos manifestantes são tão variadas quanto o número de grupos representados no ato: Sem Terra (MST), CUT, MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores). Alguns pedem reforma agrária, outros o enterramento da reforma previdenciária. Tem quem também peça a proteção do pré-sal contra a privatização dos campos de petróleo.

Bandeiras de PT e PC do B também podem ser vistas entre os manifestantes.

A causa comum é traduzida pelos gritos pedem a saída de Eduardo Cunha, de Michel Temer e dizem que "não vai ter golpe".

E algumas palavras de ordem tentam inflamar os grupos.

"Fogo no pavio", gritam os acampados da juventude do MST.

Segundo o coordenador nacional do movimento Antônio Pereira, os gritos são apenas para animar quem passou a noite no que estão chamando de "vigília pela democracia".

"A palavra não quer dizer guerra, apenas dá ânimo a quem está na luta. A orientação é para não cair em provocações", diz Pereira.

A reportagem encontrou ônibus vindos de seis estados: Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Rondônia.

Muitos militantes de Brasília se juntaram ao ato durante a tarde, o que fez o grupo inchar. A estimativa dos organizadores é que cerca de 2.000 participam da marcha.

"Quem é de Brasília não está acampado, mas está ajudando muito na manutenção de quem está. Estão precisando de ajuda. Eu dei R$ 50 e consegui mais R$ 50 com uma amiga para comprarem feijão, carne", diz Geraldo Magela, do Núcleo de Defesa da Democracia.

SEGURANÇA

O governo do DF montou um forte esquema de segurança. A Polícia Militar dividiu a Esplanada dos Ministérios com chapas de aço. Do lado esquerdo, se manifestam aqueles que defendem o governo. Do outro, ficam os manifestantes antigoverno.

A Secretaria de Segurança informou que o valor do muro construído foi de R$ 7.850,00.

Segundo a secretária, a proposta da divisória foi apresentada aos líderes dos dois movimentos na última semana.

Os dois grupos antagônicos também acordaram sobre os locais de acampamento.

Os governistas chegaram no domingo (10) e se instalaram no estacionamento do Teatro Nacional, mas, a pedido do governo do Distrito Federal, mudaram para um local mais distante.

Os pró-impeachment estão acampados no Parque da Cidade, do outro lado do Eixo Monumental.


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