Folha de S. Paulo


PSB opta por votar a favor do impeachment da presidente Dilma

O PSB fechou questão nesta segunda-feira (11) pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff. A Executiva Nacional do partido se reuniu em Brasília por mais de quatro horas.

Ao final da reunião, convocada pelo presidente da sigla, Carlos Siqueira, o partido soltou uma nota em que elenca uma série de equívocos cometidos pelo governo afim de justificar o posicionamento.

"Em face desta sombria realidade, que se amplia dia a dia pela impotência do Governo para reagir à conjuntura, a dinâmica política impõe ao PSB apoiar o processo de impeachment que tramita na Câmara dos Deputados. Por óbvio, ressalte-se que esse é um instrumento constitucional e legal, embora extremo, que na impossibilidade da solução política ideal, ou seja, a antecipação de novas eleições presidenciais, passa a ser oficialmente apoiado pelo Partido", destaca o texto.

O PSB tem 31 deputados na Câmara, mas dois secretários em exercício no governo de Pernambuco, Danilo Cabral (PSB), de Planejamento e Gestão, Felipe Carreras (PSB), do Turismo, devem se licenciar dos cargos e retomar seus mandatos para votar.

Siqueira explicou que o partido decidiu se posicionar, apesar dos apelos do Palácio do Planalto - de acordo com ele, integrantes foram bastante assediados por governistas -, devido à "situação de gravidade da crise".

"A atual presidente, embora tenha sido eleita por pequena minoria de diferença, mas foi eleita por grande número de eleitores, perdeu a legitimidade com uma rapidez extraordinária. Legitimidade não é só na eleição, mas é no exercício do cargo que ela não conseguiu se legitimar", afirmou o presidente do PSB.

Segundo ele, as manifestações contrárias foram minoria. A senadora Lídice da Mata (BA), que tem defendido a manutenção da presidente Dilma no cargo, colocou seu ponto de vista de forma veemente ao longo da reunião, acompanhada do senador João Capiberibe (AP), do governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, e do ex-governador do Amapá, Camilo Capiberibe.

A votação do impeachment deve ter início na sexta-feira (15). O governo trabalha para esvaziar o plenário e, assim, conseguir os 172 votos necessários para barrar o processo de afastamento de Dilma.

Nesta segunda, a comissão que analisa o pedido de impeachment da presidente votará o parecer do relator, deputado Jovair Arantes (PTB-GO), que foi contra Dilma.

Ambos os lados dão como certa a aprovação do texto, que pede a abertura do processo.

Levantamento aponta que já há em favor do relatório 33 dos 65 parlamentares. A sessão começou às 10h e a votação deve ocorrer depois das 17h. O que mais preocupa os governistas é não mais conseguir prever quantos votos favoráveis os aliados darão a Dilma no plenário.

Até a semana passada, a conta do Planalto girava em torno de 200 votos pró-governo, mas não há certeza da folga. Ministros mantinham a perspectiva de vitória no plenário por margem mínima.

Por outro lado, a oposição diz que conseguiu "virar alguns votos" nos últimos dias e contabiliza cerca de 380 deputados pró-impeachment.

O PSB não se manifestou a respeito da composição da comissão do impeachment do vice-presidente Michel Temer. A instauração do processo contra o vice foi determinada por liminar pelo ministro Marco Aurélio, do STF (Supremo Tribunal Federal).

Nos bastidores, dirigentes do partido já conversam com o vice sobre a composição do novo governo, caso o impeachment de Dilma se confirme.

Além de Siqueira, também participaram os governadores do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, da Paraíba, Ricardo Coutinho, além de deputados e senadores.

Relatório sob votação

Rollemberg foi o único presente que preferiu manter uma posição de neutralidade. Ele afirmou que seu cargo exige esse tipo de posicionamento.

O governador do DF aproveitou para rebater as críticas às grades de ferro instaladas no gramado central da Esplanada dos Ministérios para separar os grupos contra e pró-impeachment. "A intenção é garantir a livre manifestação com segurança de todos que quiserem estar no local".

Segundo ele, a Segurança Pública do DF está preparada para as manifestações que ocorrerão ao longo da semana e no fim de semana, quando está prevista a votação do impeachment de Dilma.

Rollemberg afirmou que todos os manifestantes serão revistados ao entrar na área de manifestação, que será monitorada pela Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e Defesa Civil.

POSIÇÃO NA COMISSÃO


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