Folha de S. Paulo


Aliados de Temer procuram oposição para defesa do impeachment

Fernanda Carvalho/O Tempo/Folhapress
O presidente nacional do PMDB e vice-presidente da República, Michel Temer, lidera Caravana da Unidade em Belo Horizonte (MG)
O vice-presidente da República, Michel Temer

A cúpula do PMDB iniciou nesta quarta-feira (6) um contra-ataque à ofensiva do governo para tentar derrotar o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara.

Depois de conversas com parlamentares de siglas que têm sido alvo de assédio do Planalto para votar contra o afastamento, o vice-presidente Michel Temer condenou propostas alternativas ao impeachment. O vice, principal beneficiário do afastamento de Dilma, disse que a ideia de convocar eleições gerais é buscar "um jeitinho" fora da Constituição para resolver a crise.

"Precisamos sair do 'jeitinho'. Temos de preservar as nossas instituições", afirmou.

A proposta de eleições gerais foi elogiada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), desafeto de Temer. Renan afirmou nesta quarta que a ideia de se fazer um plebiscito para decidir sobre a realização de novas eleições gerais é um cenário "que não pode ser descartado".

Como a coluna Painel, da Folha, mostrou nesta quarta, o peemedebista articula a aprovação de um plebiscito que seria realizado durante as eleições municipais de outubro.

Em outra frente, aliados do vice se reuniram com integrantes de partidos de oposição para alinhavar um discurso de defesa do impeachment. Temer, por sua vez, encontrou-se com deputados de diversas legendas, entre elas PP, PR, PV, PTB e DEM.

As duas primeiras são os alvos prioritários do Planalto na operação que prega a troca de cargos na Esplanada por votos contra o afastamento de Dilma.

Dirigentes do PR afirmaram à Folha que foram procurados por aliados de Temer, como os ex-ministros Eliseu Padilha e Geddel Vieira Lima. Eles teriam deixado as portas abertas para uma composição, caso Temer assuma o comando do país.

Numa terceira frente, o senador Romero Jucá (PMDB-RR), que assumiu a presidência do PMDB no lugar de Temer, pregou à bancada de deputados e senadores do DEM uma atuação conjunta pela sondagem dos votos pró e contra o afastamento da petista.

Depois, Jucá almoçou com Renan e com o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira. Renan é considerado aliado de Dilma. Eunício tem buscado manter uma postura neutra na legenda.

Segundo interlocutores dos três peemedebistas, Renan e Eunício teriam dito que Jucá não poderia assumir uma postura sectária, isolando a ala que é oposição a Temer no PMDB. À noite, o senador promoveu um jantar com sua bancada de senadores, uma tentativa de pacificar a legenda.

Há ainda uma quarta ofensiva que prevê a defesa pública de Temer e da legalidade do impeachment. Em entrevista à Folha, o ex-ministro Moreira Franco, aliado do vice, afirmou que se o impeachment não passar "teremos uma presidente que não preside". Com esse desfecho, diz, a crise "não se esgota".

Já se o impeachment for aprovado, diz, "a nação se reencontra e o vice assume. Temos que torcer para que possamos pacificar o Brasil".

Ele ainda afirmou que Lula, Dilma e o Planalto tentam "desconstruir a imagem de Temer para desorganizar o processo político". "Lula não poderá ir além de ataques pessoais", afirma. "Temer é um constitucionalista. Sabe que a função dele é substituir a presidente nos casos em que a constituição determina."

Temer no alvo


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