Folha de S. Paulo


Confusão marca entrega do relatório em comissão do impeachment

Tumulto no início da sessão de entrega de relatório

Antes de o relator da comissão de impeachment, Jovair Arantes (PTB-GO), ler seu voto em sessão, deputados governistas tentaram fazer com que o advogado-geral da União substituto, Fernando Luiz Albuquerque Faria, falasse em nome da defesa –o que causou tumulto.

Parlamentares pró-impeachment se levantaram em protesto –alguns gritaram xingamentos como "vagabundo"– e o presidente da Comissão, Rogério Rosso (PSD-DF), disse que Albuquerque Faria poderia permanecer na comissão, mas não falar.

"O ministro José Eduardo Cardozo (AGU), ex-deputado desta casa, utilizou quase duas horas do tempo que foi concedido para a defesa", destacou Rosso.

A confusão já atrasou em uma hora e meia a leitura na íntegra do relatório, de 197 páginas.

Pedro Ladeira/Folhapress
Tumulto no início da sessão da entrega do relatório em comissão do impeachment
Tumulto no início da sessão da entrega do relatório em comissão do impeachment

Do lado de fora da comissão, grupos contrários e favoráveis a Dilma faziam uma guerra de gritos de ordem. Para evitar briga, a Polícia Legislativa colocou barreiras de isolamento entre eles.

Os pró-governo gritavam frases como "não vai ter golpe" quando deputados passavam a caminho da comissão e chamavam os integrantes do grupo contrário de "coxinhas".

Já a outra turma levantava cartazes pelo impeachment e gritava que "o Brasil não é Venezuela". Havia cerca de 15 pessoas de cada lado.

Aguirre Talento/Folhapress
Protesto pede impeachment da presidente Dilma Rousseff
Protesto pede impeachment da presidente Dilma Rousseff

INSCRIÇÃO

Antes mesmo de receberem o relatório, os deputados tiveram que decidir em qual lista de inscrição para o debate assinariam: contrária ou a favor do voto do relator.

Para o deputado Ivan Valente (PSOL-SP) o procedimento "não tem lógica". "Eu também fui contra isso. Deveria ter uma lista só de inscrições", afirmou.

Ele, contudo, ponderou que "todo mundo já sabe qual é o parecer do relator" antes de recebê-lo. "Ele já abriu", disse.

Um pequeno tumulto foi registrado na fila de inscrição para os debates sobre o relatório. Parlamentares da oposição acusaram deputados governistas de furarem a fila.

"Dá pedalada até na fila esse PT", disse o deputado Lucas Vergílio (SD-GO), cobrando Wadih Damous (PT-RJ), que respondeu que estava esperando na fila havia mais de uma hora.

"Eu tava aqui desde 13h, rapaz, o que é isso?", afirmou Damous.

A inscrição é para os debates que devem ter início nesta sexta (8) e terminam na segunda (11).

FIM DE SEMANA

Em reunião com líderes dos partidos antes da sessão, o presidente da comissão, Rogério Rosso (PSD-DF), não conseguiu um acordo sobre se os debates sobre o relatório apresentado nesta quarta (6) vão se estender pelo próximo fim de semana.

Os membros da comissão começam a fazer suas observações no início da tarde de sexta (8). São 65 deputados membros e 65 suplentes, todos com direito a até 15 minutos de fala. Podem falar ainda os líderes dos partidos na Casa.

A ideia de Rosso é que todos possam falar até as 17h de segunda-feira (11), quando deve ter início a votação sobre o relatório. Para isso, considera continuar a sessão de debates no sábado.

"Eu não consigo compreender onde está na Constituição que o Congresso Nacional vai ser penalizado por trabalhar. Acho que a opinião pública quer exatamente que o Congresso trabalhe, inclusive no fim de semana", disse o presidente da Comissão.

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), porém, sugeriu que há a possibilidade de que os parlamentares governistas recorram ao STF se tomarem a decisão de estender o debate pelo fim de semana.

"Sábado e domingo é uma jogada que não estamos concordando. Não tem necessidade disso. A excepcionalidade é arriscada", disse.


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