Folha de S. Paulo


PSDB rejeita impugnação e arquiva representação contra João Doria

Joel Silva - 20.fev.2016/Folhapress
João Doria, pré-candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo
O empresário João Doria, eleito candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo

O diretório municipal do PSDB decidiu, na noite desta terça-feira (5), rejeitar a impugnação do empresário João Doria, eleito candidato do partido à Prefeitura de São Paulo no dia 20 de março.

Por unanimidade, o partido também arquivou a representação contra o empresário. Participaram do encontro 54 dos 71 integrantes do diretório. Todos acompanharam a conclusão do relator, Jorge Farid.

Até mesmo tucanos que apoiaram o vereador Andrea Matarazzo (hoje no PSD) votaram pela rejeição da impugnação, entre eles o vereador Gilson Barreto e o deputado estadual Ramalho da Construção.

Apadrinhado pelo governador Geraldo Alckmin, Doria foi candidato único no segundo turno das prévias tucanas –após a desistência e desfiliação do partido de Matarazzo e eleito candidato tucano com 3.152 votos. Dos 27 mil filiados aptos a votar nas prévias do partido, 3.266 foram às urnas.

Autores da ação, o ex-governador e vice-presidente nacional do PSDB, Alberto Goldman, e o presidente do Instituto Teotônio Vilela, José Aníbal, acusavam Doria de abuso de poder econômico, propaganda irregular, transporte de eleitores e infrações da lei da Cidade Limpa. O empresário nega as acusações.

Na defesa apresentada ao partido, Doria afirma, entre outros pontos, que a utilização de cavaletes próximos ao local de votação estava autorizada, que não houve boca de urna, transporte de eleitores, utilização de vestuário padronizado nos locais de votação e carro de som.

O empresário disse também não ter havido abuso de poder econômico, nem provas de que tenha violado a lei da Cidade Limpa.

Em seu parecer de 27 páginas, em que esmiúça cada uma das denúncias, Farid, vice-presidente municipal do partido, afirma que os fatos apresentados não foram suficientes para penalizar João Doria.

Em sua conclusão, ele diz ainda que os representantes da ação demonstraram falta de interesse no processo, quando, "por exemplo, não apresentaram suas testemunhas nas audiências previamente agendadas".

Farid afirma também que a decisão de rejeitar a representação acompanha a "vontade de milhares de filiados que elegeram o representado [João Doria] como candidato do partido apto a disputar à Prefeitura de São Paulo".

Evandro Losacco, vice-presidente do PSDB paulista e apoiador do empresário, afirmou à Folha "que a falta de interesse dos representantes no processo mostra que tudo não passou de um factoide", para, segundo disse, "desgastar o candidato escolhido pela maioria do PSDB".

Presidente do partido na capital paulista, Mario Covas Neto afirmou que, terminado o processo na esfera partidária, o desafio do PSDB será o de "unir as pessoas que ficaram insatisfeitas ou frustradas" em torno da candidatura de Doria.

"Chegou o momento de ciscar para dentro", disse.

JUDICIALIZAÇÃO

Prevendo a derrota na esfera partidária, Alberto Goldman e José Aníbal apresentaram no último dia 29 pedido ao MPE (Ministério Público Eleitoral) para que sejam canceladas as prévias tucanas que elegeram Doria.

Na representação, eles também pedem que a definição de um novo nome do partido para disputa municipal deste ano saia da convenção da legenda, marcada para junho.

Os dois não participaram da reunião desta terça-feira, mas enviaram um pedido de vistas do parecer do relator, que foi rejeitado pelo presidente do partido.

Procurado pela Folha, Goldman afirmou que a decisão do diretório municipal "não tem nenhum significado, nem legitimidade". "Era um processo totalmente viciado e que já fugiu da esfera partidária", disse.

Aníbal disse "estranhar" que "um partido social-democrata se recuse a investigar e esclarecer questionamentos fundados e amplamente divulgados".


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